quinta-feira, 15 de dezembro de 2022

Dudzicopa 27 - Tentando prever quem será campeão

O vigésimo sexto dia da Copa do Mundo - o penúltimo sem jogos antes do fim do Mundial - me fez pensar em quem é o favorito para ganhar a taça no domingo. 

Essa pergunta sobre quem é o favorito ou sobre quem ganha tal jogo é a base da pirâmide de todo o jornalismo esportivo. Não importa que o jogo seja imprevisível e recorrentemente atestemos isso. Não é o caso de pensar nas muitas variáveis envolvidas, tampouco em desfrutar o jogo ou em tentar imaginar como os dois times vão encarar a partida. O que o povo quer saber é quem vai ganhar. 

Não dá pra culpá-los. Os meus protestos não são em relação aos indivíduos fora do jornalismo esportivo e sim aos de dentro, que alimentaram e se alimentam desse tipo de superficialidade e impedem o entendimento mais amplo. 

Lamúrias à parte, eu sigo respondendo a essa pergunta e às vezes até falando sobre isso sem ser perguntado. Confesso que na maioria das vezes é um chute qualquer, mas eu ao longo dos anos tentei desenvolver um método para tentar me afastar dos sentimentos e achismos envolvidos. 

Foi meio por vias tortas, mas acabei seguindo quase ipsis literis o que meu técnico favorito Marcelo Bielsa disse nessa palestra aqui: 
O mote do trecho foi tratar da importância do aspecto emocional para o jogo, mas Bielsa fala sobre jogos dentro de jogos e acaba nos oferecendo uma hierarquização dos aspectos de uma partida. Em linhas gerais para ele a ordem de grandeza para ganhar jogos é: 

- Técnica
- Física
- Emocional (que mexe com as duas primeiras)
- Tática 

Eu mal-e-mal tento seguir essa ordem. Então falo aqui detidamente sobre França e Argentina.


Partida técnica

Antes de pensar mais a fundo, me pareceu um duelo que tecnicamente seria equilibrado. Depois de refletir um pouco mais, sigo dizendo que é equilibrado, mas me parece que há uma vantagem francesa. Para tanto, decidi quantificar o quão bons eu acho os jogadores de um e de outro time. Usei a minha percepção sobre os jogadores e atribui um número como se fosse um Overall do Fifa. Colocarei apenas os prováveis titulares de um e de outro para vocês entenderem meu raciocínio e lembro que utilizei como critério o que eles tem jogado na seleção. 


Lloris (80)  x  (75)  Martínez

Koundé (75)  x (70)  Molina
Upamecano (85)  x (75)  Romero
Varane (80)  x  (75)  Otamendi 
Hernández (80)  x  (70 Acuña/Tagliafico 

Tchouameni (75) x (70)  Paredes
Rabiot (70)    x  (75 De Paul
Griezmann (90)  x  (75)   Enzo 

Dembelé (75)  x (70)  Mac Allister 
Mbappé  (90)  x  (95)  Messi 

Giroud (80)   x  (80)  Álvarez 
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Total:  França (880)  x   (830)  Argentina


Partida física

É muito complicado de fazer juízo de valor sobre essa parte. Nós não temos os dados. Não sabemos a condição médica dos jogadores e nem a intensidade dos treinos.  Temos percepções sobre intensidade e características dos atletas e dos times e eu tenho a impressão de que a França chega mais inteira. Além disso, como o @zeschultz me lembrou no Twitter, a Argentina tem um dia a mais de descanso, pois jogou antes. 

De toda a forma, já que a Fifa disponibiliza alguns dados, vale trazê-los. 

Minutos jogados: França (595 e em um jogo iniciou com reservas) x  (613)  Argentina
Quilômetros percorridos:  França (654,6)  x  (682,1) Argentina


Partida Emocional (que alimenta as duas primeiras)

Aqui eu não vou achar nenhum dado para ajudar. Só tenho meu feeling e percepções para construir algo. O que eu sinto sobre esse time da Argentina é que ele está sempre à beira do precipício, mas que também por isso consegue criar situações de genialidade e sincronia com seus atletas e torcedores. O que eu sinto da França é que é um time meio blasé. Que joga só quando precisa. Não é frio, porque toma pressão e gols, mas parecem ter uma certeza de que no final sairão vencedores... Aí vai de cada um o que pesa mais. Eu fico com o emocional francês e esse ar impávido, embora reconheça o corazón argentino. 

Partida Tática

Aqui vejo uma pequena vantagem argentina pelo fato de ter mudado de esquema algumas vezes durante a Copa e por ter alguns jogadores versáteis que podem responder bem a diferentes cenários. O fato de se aproximarem para jogar também tem algo tático que pode quebrar a marcação adversária e, claro, os argentinos têm o cara mais capaz de desequilibrar e dinamitar uma estrutura defensiva nesse Mundial na figura de Messi. Mbappé é o segundo. Ainda há a bola parada e nesse sentido vejo vantagens francesas com as batidas de Griezmann. 

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Misturando tudo no liquidificador, me parece que é "A FRANÇA É QUE VAI LEVAR", mas no próprio vídeo Bielsa cita a SORTE. Vamos ver de que lado ela estará. 


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