sexta-feira, 24 de maio de 2019

A temporada 18-19 do Leeds


O cenário

Tricampeão inglês, o Leeds caiu para a segunda divisão na temporada 2003-04 e de lá para cá nunca mais apareceu na elite do futebol do país. Foram três temporadas na segundona antes de uma nova queda, agora para a League One. O calvário na terceira divisão se estendeu entre 2007 e 2010 e desde a temporada 2010-11 a realidade dos Whites é a Championship. Várias abordagens foram tentadas nesse novo período de segunda divisão, mas o clube não conseguiu sequer se classificar para os playoffs de promoção à Premier League, chegando em sétimo lugar por duas oportunidades. 

Na temporada 2017-18, o Leeds United passou a ter um novo dono, o  italiano Andrea Radrizzani, que  decidiu abrir a carteira para enfim tirar o time da segunda divisão. De acordo com o site Transfermkt, foram gastos quase 29 milhões de euros em compras de jogadores, enquanto 17 milhões entraram nos cofres por meio da venda de atletas. O resultado, porém, foi fraquíssimo, com o Leeds terminando a Championship na décima terceira posição, 15 pontos abaixo do sexto colocado, o Derby County.

Para a temporada 2018-19 a ideia foi diferente: gastar menos em jogadores e mais em um técnico. Assim, em um movimento surpreendente, o Leeds United conseguiu contratar Marcelo Bielsa como novo treinador. A missão era clara: tirar os Whites da segunda divisão. 

O mercado de transferências

Os gastos com os salários de Bielsa e da nova comissão técnica significaram menos dinheiro disponível para a compra de jogadores. Foram feitas apenas duas contratações envolvendo a aquisição definitiva de direitos econômicos:

- O centroavante Patrick Bamford, de 25 anos, chegou do Middlesbrough por quase 8 milhões de euros
- O lateral-esquerdo Barry Douglas, de 29 anos, veio do então recém-promovido Wolverhampton por 3,4 milhões de euros 

Além deles, chegaram por empréstimo:

- Jack Harrison, atacante de lado de campo de 22 anos que pertence ao Manchester City 
- Lewis Baker, meiocampista central de 24 anos que pertence ao Chelsea 
- Jamal Blackman, goleiro de 25 anos que pertence ao Chelsea
- Isaiah Brown, atacante de 22 anos também do Chelsea

Por outro lado, o volante Ronaldo Vieira, foi vendido para a Sampdoria por 6 milhões e meio de euros a fim de manter em ordem o balanço financeiro do clube. Ao mesmo tempo, como de costume, Bielsa dispensou vários jogadores a fim de readequar o elenco a um novo perfil de jogo. A ideia, segundo o argentino, era ter 18 jogadores profissionais e complementar o grupo com atletas vindos da base. Uma ideia que causou estranheza entre os profissionais de imprensa do Reino Unido, uma vez que a Championship reserva 46 jogos regulares, além de contemplar a possibilidade de outros três para quem chega aos playoffs.  O grupo era pequeno, mas esse é o jeito Bielsa de trabalhar. Teria ele que se adequar? 

A primeira metade da temporada 

O Leeds United iniciou a temporada 2018-19 no 4-1-4-1 com a seguinte escalação: 


Essa formatação da equipe (com apenas um reforço entre os titulares) se repetiu nos primeiros três jogos, com o Leeds obtendo três vitórias:

- Leeds United 3x1 Stoke City (51% de posse de bola, 12 finalizações a favor e 9 contra)
- Leeds United 4x1 Derby County (54% de posse de bola, 17 finalizações a favor e 12 contra)
- Leeds United 2x0 Rotherham (73% de posse de bola, 17 finalizações a favor e 9 contra)


A quarta partida foi um empate contra o Swansea, ocasião na qual Bielsa teve que mexer pela primeira vez no time devido a uma lesão do zagueiro Cooper, que, no entanto, voltou rapidamente. Na sequência houve duas vitórias, dois empates e uma derrota, com mudanças forçadas por conta de lesões do zagueiro Berardi, do meia Hernandez e dos centroavantes Roofe e Bamford, que rompeu o ligamento cruzado do joelho em setembro e que parou por quase seis meses. Na zaga, Jansson e Cooper se tornaram a dupla preferida, na vaga de Hernandez entrou Harrison, de características bem distintas, enquanto no ataque o jovem Tyler Roberts, de 21 anos, passou a ter a responsabilidade de finalizar as jogadas. 

- Leeds United 2x2 Swansea (56% de posse de bola, 8 chutes a favor e 12 contra)
- Leeds United 3x0 Norwich (59% de posse de bola, 12 chutes a favor e 10 contra)
- Leeds United 0x0 Middlesbrough (61% de posse de bola, 11 chutes a favor e 9 contra)
- Leeds United 1x1 Milwall (63% de posse de bola, 11 chutes a favor e 16 contra) 
- Leeds United 3x0 Preston (61% de posse de bola, 17 chutes a favor e 5 contra)
- Leeds United 1x2 Birmingham (71% de posse de bola, 17 chutes a favor e 4 contra) 

O começo excelente tornou-se mais oscilante, também pelos supracitados desfalques.

- Leeds United 1x1 Sheffield Wednesday (64% de posse de bola, 25 chutes a favor e 10 contra)
- Leeds United 1x0 Hull City (67% de posse de bola, 11 chutes a favor e 10 contra)

- Leeds United 1x1 Brentford (53% de posse de bola, 13 chutes a favor e 13 contra)
- Leeds United 1x2 Blackburn (68% de posse de bola, 20 chutes a favor e 18 contra)

No final de outubro, Roofe, Hernandez e Berardi voltaram, mas Ayling teve uma lesão mais séria contra o Forest, dando lugar a Stuart Dallas, ponta direita convertido em lateral. Foi nessa época também que o camisa 10 do time, Samuel Saiz, passou a ficar no banco por opção de Bielsa. Forshaw foi o escolhido para substituí-lo inicialmente, mas depois Harrison ganhou essa vaga, com Hernandez atualizando mais centralizado. Vieram os seguintes resultados:

- Leeds United 2x0 Ipswich (65% de posse de bola, 18 chutes a favor e 3 contra)
- Leeds United 1x1 Notthingham Forest (70% de posse de bola, 18 chutes a favor e 3 contra)

- Leeds United 2x1 Wigan (67% de posse de bola, 12 chutes a favor e 6 contra)
- Leeds United 1x4 West Brom (72% de posse de bola, 15 chutes a favor e 20 contra)
- Leeds United 2x0 Bristol City (63% de posse de bola, 20 chutes a favor e 7 contra)
- Leeds United 1x0 Reading (65% de posse de bola, 18 chutes a favor e 9 contra)


Dezembro foi um mês quase que inteiramente maravilhoso para os Whites. Foram cinco vitórias seguidas, duas delas com gols nos acréscimos de Roofe. Bamford estava de volta, Peacock-Farrel se mostrava mais confiável e a concorrência ficava para trás. A má notícia ficava por conta da saída de Samuel Saiz, que por motivos pessoais pediu para atuar na Espanha. O Leeds o liberou para o Getafe por empréstimo. 

- Leeds United 1x0 Sheffield United (45% de posse de bola - único com menos posse no campeonato, 11 chutes a favor e 12 contra)
- Leeds United 2x1 QPR (69% de posse de bola, 20 chutes a favor e 10 contra)
- Leeds United 1x0 Bolton (71% de posse de bola, 12 chutes a favor e 4 contra)

- Leeds United 3x2 Aston Villa (66% de posse de bola, 16 chutes a favor e 10 contra)
- Leeds United 3x2 Blackburn (71% de posse de bola, 24 chutes a favor e 8 contra)

29 de dezembro, no entanto marca uma ruptura... 

A segunda parte da temporada

Saiz não vinha sendo titular, mas a saída dele significou um atleta de criatividade a menos no elenco, algo ainda mais sentido quando lembramos que no plano de Bielsa o grupo era composto por 18 jogadores mais os garotos da base. Por outro lado, entre os garotos começou a aparece Jack Clarke, que se tornou uma espécie de décimo segundo jogador da equipe. Bom, a pior sequência do Leeds na temporada veio entre o fim de dezembro e o começo de 2019, quando a equipe sai da liderança. Notem como a posse de bola aumenta e como o padrão de chutes a favor e chutes contra se mantém, mas os resultados não.

- Leeds United 0x2 Hull City (71% de posse de bola, 22 chutes a favor e 9 contra) 
- Leeds United 2x4 Notthigham Forest (63% de posse de bola, 14 chutes a favor e 13 contra)
- Leeds United 2x0 Derby County (62% de posse de bola, 15 chutes a favor e 7 contra)
- Leeds United 1x2 Stoke City (72% de posse de bola, 17 chutes a favor e 15 contra)

Apesar da cobrança e entendimento geral de que o Leeds precisava se reforçar na janela de inverno, o clube perdeu um jogador, o volante Lewis Baker, que pouco jogou depois de ter sido emprestado pelo Chelsea, e trouxe apenas um atleta: o goleiro Kiko Casilla. Com mais uma lesão de Douglas e um desempenho ruim de Hernandez pelo centro, o Leeds United da segunda metade da temporada teve essa cara, com Alioski sendo lateral-esquerdo, Harrison o ponta-esquerda e Tyler Roberts como um camisa 10 de menos criatividade e mais contundência:



E os resultados foram de altos e baixos, com o Norwich assumindo a liderança isolada do campeonato a partir do confronto direto. Era um jogo importantíssimo para o Leeds, mas o time fez uma de suas piores apresentações na temporada. 

- Leeds United 2x1 Rotherham (70% de posse de bola, 14 chutes a favor e 5 contra)
- Leeds United 1x3 Norwich (62% de posse de bola, 21 chutes a favor e 14 contra)
- Leeds United 1x1 Middlesbrough (70% de posse de bola,  17 chutes a favor e 9 contra)

O jogo com o Norwich também trouxe uma lesão mais grave do centroavante titular e maior goleador do time, Kemar Roofe. Era hora de Bamford mostrar a que veio e, a bem da verdade, ele conseguiu nessa época. Juntos, ele e Hernandez marcaram 7 dos 10 gols do time nessa sequência, em meio aos já usuais questionamentos de esgotamento físico e mental que supostamente marcam as equipes de Bielsa.   

- Leeds United 2x1 Swansea (60% de posse de bola, 19 chutes a favor e 9 contra) 
- Leeds United 2x1 Bolton (68% de posse de bola, 21 chutes a favor e 12 contra) 
- Leeds United 0x1 QPR (64% de posse de bola, 12 chutes a favor e 13 contra)
- Leeds United 4x0 West Brom (56% de posse de bola, 13 chutes a favor e 7 contra)

- Leeds United 1x0 Bristol City (54% de posse de bola, 16 chutes a favor e 4 contra)
- Leeds United 3x0 Reading (62% de posse de bola, 13 chutes a favor e 9 contra) 

A segunda posição parecia garantida, mas o confronto direto contra o então terceiro Sheffield United trazia incerteza. O Leeds jogou bem, mas perdeu e viu a vice-liderança escapar alguns jogos depois, com a derrota para o Birmingham. 

- Leeds United 0x1 Sheffield United (70% de posse de bola, 17 chutes a favor e 10 contra) 
- Leeds United 3x2 Milwall (68% de posse de bola, 18 chutes a favor e 7 contra)



- Leeds United 0x1 Birmingham (74% de posse de bola, 9 chutes a favor e 10 contra)
- Leeds United 2x0 Preston (60% de posse de bola, 22 chutes a favor e 5 contra)

Mas, o Sheffield United tropeçou e o Leeds retomou a segunda posição ao bater o Sheffield Wednesday por 1 a 0.

- Leeds United 1x0 Sheffield Wednesday (61% de posse de bola, 28 chutes a favor e 8 contra)

Faltavam quatro jogos para o final da temporada e os Whites precisavam somar 10 pontos para não depender de mais ninguém e subir para a Premier League. Mas coisas absurdas ocorreram nessas partidas e, como vocês sabem, o Leeds não subiu.

- Contra o Wigan, que não tinha vencido fora de casa, o Leeds teve um pênalti aos 16 minutos, lance que também gerou a expulsão de um atleta adversário. Hernandez perdeu a cobrança, mas no minuto seguinte Bamford marcou.  1 a 0 a favor, um atleta a mais, jogando em seu estádio. Nada de errado poderia ocorrer, certo?  Bom... Displicente o Leeds não criou mais nada, tomou o empate no último lance do primeiro tempo e se descontrolou completamente na segunda etapa, tomando a virada e não sabendo reagir. Ainda assim os números poderiam ensejar outro cenário:

Leeds United 1x2 Wigan (77% de posse de bola, 36 chutes a favor e 8 contra (2 no alvo)) 


- Como o Sheffield United ganhou, já não dependia mais do Leeds a promoção. Por isso era necessário ganhar do Brentford e torcer contra o adversário... Nem uma coisa, nem outra ocorreu. Talvez abalado pelo resultado adverso diante do Wigan, o Leeds voltou a jogar mal.

Leeds United 0x2 Brentford (63% de posse de bola, 18 chutes a favor e 12 contra)



- A promoção direta praticamente já tinha ido para o beleléu, mas ainda deu tempo de Alioski se lesionar gravemente, o Leeds fazer o famoso jogo do fair-play contra o Aston Villa e Casilla falhar duas vezes contra o lanterna e já rebaixado Ipswich.

- Leeds United 1x1 Aston Villa (68% de posse de bola, 27 chutes a favor e 13 contra) 
- Leeds United 2x3 Ipswich (65% de posse de bola, 27 chutes a favor e 6 contra (3 no alvo))


O Leeds foi o terceiro colocado, com 83 pontos obtidos por meio de 25 vitórias, 8 empates e 13 derrotas, com 73 gols marcados e 50 sofridos. Ainda assim foi a maior pontuação e melhor posição do clube desde a queda na temporada 2003-04,  e apenas a segunda vez dos Whites nos playoffs desde o rebaixamento. 


Playoffs

Com a moral lá embaixo, o Leeds United chegou com mais dúvidas do que certezas para o duelo contra o Derby County. Além dos resultados titubeantes, o Leeds ainda foi bastante desfalcado para o primeiro jogo fora de casa. Não estiveram à disposição o zagueiro Jansson, os laterais-esquerdos Douglas e Alioski, o meia-atacante Roberts e o centroavante Bamford. E nos primeiros minutos dessa partida inicial Bielsa ainda perdeu Forshaw. Ainda assim, a equipe jogou bem e venceu com autoridade por 1 a 0, gol marcado por Roofe.

- Leeds United 1x0 Derby County (56% de posse de bola, 12 chutes a favor e 7 contra (nenhum no alvo)) 

Para o jogo da volta, Jansson e Bamford voltaram, mas Forshaw e Roofe se tornaram desfalques.  O Leeds começou bem e abriu 1 a 0, tendo o domínio do confronto, até Casilla e Cooper se enrolarem no último lance do primeiro tempo e o Derby reagir. No segundo tempo o descontrole dos Whites foi abissal, lembrando os jogos contra Norwich e Wigan e a partida nunca voltou ao controle da equipe da casa. Para piorar, Cooper fez um pênalti, Berardi foi expulso e o Casilla fez só uma defesa em 90 minutos. 

- Leeds United 2x4 Derby County (57% de posse de bola, 22 finalizações a favor e 14 contra (5 no alvo)) 


Estava acabada a temporada.  No próximo post vamos falar dos possíveis diagnósticos e as histórias de desgaste na segunda parte do campeonato. 


sexta-feira, 17 de maio de 2019

Prefácio: Bielsa é um perdedor


Marcelo Bielsa é um perdedor.  

Quanto mais cedo tirarmos isso do caminho, melhor! 

Em quase 30 anos de carreira o treinador argentino obteve apenas quatro títulos, sendo o mais recente deles o ouro olímpico de 2004 com a seleção sub-23 da Argentina. Sob a ótica das conquistas, Bielsa é um dos piores técnicos em atividade no futebol mundial. Não há como negar. 


Sob esse mesmo enfoque, nomes como José Mourinho, Pep Guardiola, Carlo Ancelotti, Luiz Felipe Scolari, David Jeffrey (31 conquistas pelo Linfield, da Irlanda do Norte), Marcelo Gallardo, Dunga, Luxemburgo, Allegri, Zidane, Edgardo Bauza, Simeone, Givanildo Oliveira, Unai Emery, Viktor Goncharenko (multicampeão pelo Bate Borisov), Mircea Lucescu, Fábio Carille e outros são treinadores bem superiores. Não há como negar. 

A questão é que, para cada técnico que ganha um campeonato, há 17, 19, 23 ou mais que não ganham. E isso, obviamente, não significa necessariamente  que todos sejam maus treinadores.  Um dos finalistas da Liga dos Campeões da Europa não tem título algum na carreira, enquanto o outro tem três conquistas em 20 anos como técnico. Da mesma forma, o comandante do Chelsea, finalista da Liga Europa, nunca venceu um troféu em 30 anos de profissão, o jovem e promissor técnico do Hoffenheim ainda não tem taças para celebrar, assim como o experiente e ousado comandante do Betis, que entra no seu vigésimo ano como treinador. Ninguém, no entanto, se disporia a minimizar os feitos de Pochettino, Klopp, Sarri, Nagelsmann, Quique Setién e tantos outros não é mesmo? Todos são vencedores dentro de uma outra ótica e assim também é Marcelo Bielsa. 


Não, não vou caminhar pela trilha dos valores pregados, da influência que teve em outros treinadores, dos jogadores que se desenvolveram com ele, da beleza do futebol ou de alguma poesia intrínseca. Tudo isso tem valor para mim e para outros, mas é algo bastante subjetivo. Vou falar de trabalho, desempenho e resultado, que são mais objetivos. 

Antes de falar do Leeds, no entanto, vou falar do que Bielsa fez desde 2004, quando conquistou seu último título meses antes de deixar a seleção argentina. Após um período sabático de quase três anos, Bielsa treinou o Chile, o Athletic Bilbao, o Olympique de Marseille, o Lille e agora o Leeds. Não ganhou nenhum título, como vocês sabem. A pergunta é: deveria ter ganhado?  Deveria ser cobrado por ganhar um título? 


A seleção chilena não tinha nenhuma taça (nem Copa América) até 2015, quando Jorge Sampaoli, que herdou uma filosofia de jogo e um time do supracitado Bielsa, bateu a Argentina nos pênaltis. No ano seguinte, Pizzi repetiu a dose na Copa América Centenário. O Bilbao, que chegou às finais da Liga Europa e Copa do Rei com Bielsa em 2012, não ganhava nada desde 1984 e assim segue, exceção feita à Supercopa da Espanha de 2015. O Olympique de Marseille, treinado por Bielsa na temporada 2014-15, segue sem taças desde 2012, enquanto o Lille, que fez uma ótima temporada 2018-19, não ganha troféus desde 2011. Ou seja, medir esses trabalhos pela quantidade de títulos é um despropósito. Se fôssemos por esse caminho, teríamos que avaliar como ruins quase todos os trabalhos da história recente desses times, o que é uma simplificação absurda. 

Pessoalmente, considero que o Lille é um trabalho ruim de Bielsa e também por isso o único no qual ele foi demitido. Ali as expectativas eram altas e a realidade foi muito abaixo, com o time brigando contra o descenso. Nos demais trabalhos, a expectativa normalmente era menor do que foi a realidade. De novo... Há aspectos que vão bem além de resultado, mas quero me manter na letra fria dos pontos e conquistas para provar meu ponto. 


O Chile, que não ia a uma Copa do Mundo desde 1998 e que não ganhava um jogo em Mundiais desde 1962, fez os dois com Bielsa antes de cair para o Brasil, na África do Sul. O Bilbao, que não ia a uma final de competição europeia desde 1977, o fez em 2012, batendo o Manchester United de Ferguson no Old Trafford nas oitavas de final. O Olympique de Marseille foi o líder do Francês por metade do campeonato, já na  fase gastona do PSG, e terminou a temporada em quarto lugar. 

Obviamente que esses feitos só aumentaram as respectivas decepções pelas conquistas não terem vindo, mas aí cabe a quem olha analisar: é melhor ter chegado perto ou nem ter chegado? O que diz mais sobre um trabalho? Onde estava o time antes e onde ele chegou?  Bom... 


Caminha por aí a minha análise sobre o Leeds United. Se você chegou até aqui e não quer saber onde o time estava e onde chegou, então não tem para quê ler o próximo post. Mas se você chegou até aqui e entendeu o meu raciocínio, aguarde, pois vamos destrinchar o que houve, o que deu certo, o que deu errado e o que era o esperado.