sábado, 30 de setembro de 2017

A chuva ajudou Palmeiras e Santos


A chuva torrencial que caiu na zona oeste de São Paulo na noite deste sábado ajudou Palmeiras e Santos no clássico disputado na arena do alviverde. 

Graças ao grande volume de água e à drenagem ruim de um gramado recém-trocado, os dois times puderam assumir sem constrangimentos a prática de um jogo medíocre. Como a bola "não rolava", ninguém precisou se preocupar em tocá-la e desde o primeiro minuto os lançamentos foram aplaudidos com furor pela torcida única. 



Apostando no bicão pra frente e na gritaria por falta em qualquer escorregão, o Palmeiras tentou, mas não conseguiu fazer o fator casa valer na primeira etapa. No segundo tempo, porém, a pressão contra o Santos foi aumentando e o time alviverde passou também a apostar nos pedidos de pênalti em bolas cruzadas para a área.

Do outro lado, o Santos também fazia frente, queimando bolas para os lados do campo, mesmo sem possibilidades de Bruno Henrique chegar em nenhuma delas e reclamando muito do juiz. Ao todo foram 45 lançamentos e 42 cruzamentos (todos errados) do Palmeiras, contra 48 lançamentos e 9 cruzamentos do Santos, números que mostram a boa produção ofensiva dos dois times dentro de suas ideias. 



Há que se destacar também o grande desempenho do árbitro Marcelo Aparecido de Souza. Em meio ao risco de erros, choques e escorregões no gramado molhado, o juiz pensou na preservação dos atletas e controlou muito bem o jogo, apitando sempre que alguém caía no campo.Ao todo foram 40 faltas apitadas, o que permitiu que o jogo continuasse sem percalços. 

A vitória de 1 a 0 acabou punindo o Santos, que vê a distância para o Corinthians cair para sete pontos e que agora torce para o Cruzeiro não fazer frente ao rival. Do contrário, Levir Culpi e seus comandados serão cobrados para que disputem o campeonato e tentem o título.  

quinta-feira, 14 de setembro de 2017

Crise política

— (...) e para falar sobre esse tema, é com grande prazer que recebemos o analista Ivan Theodoro para o nosso bate-papo de hoje. Ivan, muito obrigado pela sua presença!

— Eu é que agradeço o convite! 

— Bom, pra gente começar... Qual análise o senhor faz sobre esse momento conturbado pelo qual estamos passando?

— Certo. É difícil abarcar todas as questões aqui, mas vamos tentar fazer um exercício nesse sentido. Primeiramente é importante que a gente lembre o contexto no qual tudo isso ocorreu. Se olharmos um pouco pra trás, vamos lembrar que vivíamos uma crise sem precedentes, da qual era difícil sair sem as respostas certas no momento certo. O que quem estava no poder tentou fazer foi não deixar a peteca cair. Até para manter a confiança e seguir em frente era necessário fingir que estava tudo bem, de forma que todo tipo de iniciativa era sempre imaginando o melhor cenário possível e nunca uma permanência do estado anterior. Alguns meses depois, no entanto, as pessoas foram percebendo que o buraco era mais embaixo e que palavras e otimismo não seriam suficientes para mudar a situação.

— Sem dúvida. O senhor diria então que ali começou a crise institucional?

— Sim. O problema é que as soluções arranjadas não iam na direção de solucionar os problemas. Aconteceu meio que um salve-se quem puder e a demagogia e o populismo tomaram conta. Isso no discurso, porque na prática já se imaginava e articulava outra coisa.

— É o que as pessoas estão chamando de golpe?

— Exato. Eu tenho uma resistência grande sobre essa nomenclatura, pois ela foi meio que banalizada nos últimos anos, mas de toda a forma podemos sim entender essa manobra como um golpe político. O que os partidários de lá vão falar, no entanto, é o seguinte: é golpe falar o que as pessoas querem ouvir? Dar o que elas querem? Enfim... Não vou entrar nesse mérito aqui, mas é importante que quem nos acompanha lembre desse contexto porque foi ele que nos levou às soluções drásticas e até certo ponto atabalhoadas que se seguiram. As pessoas queriam uma satisfação. Nos dois sentidos do termo!

— Sim. Mas as soluções mágicas aos poucos foram se mostrando falhas, não Ivan?

— Concordo. O início foi muito bom, mas aos poucos os problemas foram voltando e outros foram aparecendo, mostrando que as questões estruturais ainda estavam longe de serem resolvidas.

— O que nos leva a esse novo cenário de descrença e desaprovação não é mesmo?

— Sim, com um agravante: com militâncias muito agressivas dos dois lados. Parece que reconhecer erros é uma fraqueza hoje! A gente sabe que o caminho não é nem tanto pra um lado e nem para o outro, mas as pessoas estão querendo apenas provar seus pontos de vista.

— O senhor pode nos dar um exemplo disso?

— Eu vejo por exemplo o seguinte: de um lado as pessoas falam que foi um erro a troca no poder. Que deveriam ter dado mais tempo e que uma hora voltaríamos ao caminho. Pode ser que sim. Mas essa é uma conclusão que não tem muita lógica. Nada apontava nesse sentido. A distância de tempo faz com que a gente esqueça como estavam as coisas antes, o que gera essa falsa percepção de que estavam boas, mas não estavam e, infelizmente, as decisões tomadas não eram as mais corretas. Quem defende a administração anterior não vai de forma alguma concordar com o que eu estou falando e para isso vai usar o atual momento para provar o ponto de que não era necessária uma troca. Repito: essa é uma correlação falsa.

— Mas não estamos muito melhor agora não é mesmo?

— De fato. Ainda é muita discreta a melhora, se é que há, e essa crítica deve ser feita sim! O problema, a meu ver, é que há uma herança pesada para a gestão atual. Não a estou elogiando, mas não podemos negar a existência dessa questão. Os processos demandam tempo. A nova administração assumiu sabendo desses problemas e já deveria ter bolado soluções sim, mas há dificultadores que vêm de mais tempo. Da mesma maneira, os defensores dessa gestão não vão reconhecer esses erros e usarão os erros dos antecessores para justificar tudo.

— Sim.

— O que acho importante destacar é que esse debate de antes contra agora faz com que nos esqueçamos de olhar para a situação atual. Quase não se fala sobre o momento que estamos vivendo e das soluções que podemos empregar para melhorar o panorama! Ficamos presos no "esse é melhor", "esse é pior" e não seguimos em frente. O de antes não vai voltar! O de agora ainda pode corrigir, mas nenhum deles é mais importante do que o futuro da instituição.

— Sem dúvida! Essa grande instituição que é o Brasil e que inf...

— BRASIL?! NÃO! Eu tava falando do São Paulo!