quarta-feira, 4 de maio de 2022

#MOT 06 - Manuel Bandeira e o Leeds

Não sabe o que é essa seção do blog? Aqui eu explico: http://dynamodudziak.blogspot.com/2021/09/mot-01-o-comeco-da-temporada-21-22.html
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- Trinta e quatro... Trinta e quatro... Trinta e quatro...
- Respire 
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- Então, doutor, não é possível tentar o pneumotórax? 
- Vocês já tentaram. A única coisa a fazer é 
tocar um tango argentino.                           (....)

Peço licenças e desculpas pela paródia de Manuel Bandeira, mas acho que vem muito bem a calhar. 

Os 34 pontos do Leeds na Premier League com quatro jogos faltando deveriam deixar o clube em uma situação confortável para garantir a permanência na elite do futebol inglês. No entanto, a arrancada do Burnley e os triunfos improváveis do Everton fazem com que o Leeds não dependa mais das próprias forças para se salvar do rebaixamento.  E mesmo que dependesse só do Leeds... Os Whites enfrentarão Arsenal, Chelsea, Brighton e Brentford daqui até o final do campeonato. Como acreditar em 12 pontos? Ou 9? Ou mesmo 6? A aposta era na incompetência dos demais!

Nesse momento, com o abismo da queda cada vez mais próximo, o Leeds não pode sequer tentar o pneumotórax (a última alternativa à qual recorre o eu-lírico de Bandeira para tentar se curar dos problemas pulmonares).  Nos Whites ele já foi tentado.

Diante da intransigência, da constrição, pressão, cansaço e falência múltipla de Marcelo Bielsa, havia a expectativa de que o alívio, a irreverência, e a injeção de oxigênio vindas do norte-americano Jesse Marsch pudessem salvar a equipe. Embora o nível das atuações não tenha melhorado muito, a defesa teve um crescimento e os pontos vieram. O problema é que vieram para os outros também... 

O Leeds precisa de mais e parece não ter de onde tirar.

Só resta o tango argentino.

Aquele cantado para e por Marcelo Bielsa, talvez? 
Em 2021 e em 2022 a música era triste. Melancólica. Angustiante. Mas ainda assim era a lembrança que o Leeds tinha algo que os outros não tinham.


Agora o Leeds tenta no ritmo Marsch. Se conseguir, a troca valeu a pena. 
Se não conseguir, significa que o Leeds não terá mais nada a que se apegar. Terá perdido o estilo de jogo que o distinguia, o orgulho da torcida, as convicções, filosofia e os jogadores (Raphinha, Phillips, etc). 

Tudo aquilo que podia ter sido, foi. Agora não é mais.