quinta-feira, 24 de maio de 2012

O time que sabe jogar a Libertadores e que precisa aprender a ganhar a Libertadores


A vitória do Corinthians ainda reverbera pela vida fora do estádio e fora dos círculos de entendidos e torcedores fanáticos. Enquanto o otimismo mais uma vez tomou conta de todos os corintianos, autênticos ou de ocasião, os rivais temem, ainda que não admitam, pela escalada do time alvinegro ao posto mais alto das Américas. 

O argumento corintiano é forte. O time fez um jogo de nervos contra o Vasco e saiu triunfante, mais uma vez sem levar gols. A equipe corintiana sofreu apenas dois tentos em dez jogos na Libertadores, uma marca invejável e digna de registro. É claro que há as alegações vazias e insossas de "aqui é Corinthians" e outras patacoadas para o torcedor se sentir dono do melhor time, mas o fato é que empiricamente há afirmações para justificar o otimismo. Já o argumento dos rivais é... O de sempre: "o Corinthians não sabe jogar a Libertadores", "É piada pronta" e outros clichês. Nada mais longe da realidade.


Esse Corinthians sabe jogar a Libertadores - o que em nenhum momento garante o título da Libertadores, diga-se. É bem verdade que os destemperos de Jorge Henrique e, em menor escala, descontrole emocional do restante do time, se tornam evidentes nos momentos de nervos à flor da pele. Mesmo assim a equipe corintiana tem muita força dentro das quatro linhas. Força defensiva, principalmente. Apesar do gol de Paulinho. sou obrigado a dizer que Leandro Castán, mais uma vez, e Cássio foram os melhores do alvinegro no jogo contra o Vasco. Fábio Santos, por sua vez, fez um jogo consciente, enquanto Ralf e Emerson correram por dois cada um. Nada me faz crer que esses jogadores terão queda de rendimento daqui em diante... 

O problema do Corinthians é outro, razão pela qual uma eventual eliminação ou vice-campeonato não decorrerá destas imbecilidades de que a equipe amarela em Libertadores ou que não tem história. O problema do Corinthians é a falta de opções para jogar. Aquela história de Paulinho ser o homem-surpresa já era. Todos os times sabem que o motor do Timão é o camisa 8 e que marcá-lo é meio caminho para parar o time paulista. 

Também é nítido que Danilo não atua bem na posição mais centralizada da linha de três meias do Corinthians. Assim como é claro e evidente que Alex, além de viver fase ruim, não serve para jogar enfiado dentro da área. Ao escalá-lo por ali, Tite gostaria que seu atleta jogasse à frente da linha de meias, mas que puxasse um zagueiro para fora da área, permitindo a entrada de algum companheiro. Isso não acontece e Alex, seja por incompetência ou falta de cacoete, fica em campo mais pela opção da bola parada do que qualquer coisa. Jorge Henrique cumpre com correção suas tarefas defensivas, mas em geral toma as decisões erradas na hora de avançar com a bola - dificilmente ele entra na área adversária para confundir a marcação. Desta forma, Emerson é o único jogador confiável do "grupo de ataque" do Timão. É pouco para quem quer ganhar a Libertadores... 


E é justamente por isso que Tite precisa aproveitar as três semanas que tem antes das semifinal. Se continuar acreditando que o time foi bem com Alex enfiado entre os zagueiros e que 23 cruzamentos na área sem um jogador cabeceador são um bom negócio, o Corinthians provavelmente cairá diante do próximo adversário. No entanto, se Tite se der conta de que o time precisa de alternativas e que só apostar na sorte não é suficiente, o Timão tem chances muito maiores de avançar e vencer. Tentar Élton como centroavante pode ajudar nos cruzamentos. Testar Willian como falso nove poderia ter o efeito que Alex não teve. Paulinho ficar mais preso para um eventual avanço de um lateral seria outra opção... O que não dá é ver o time ganhar na pressão e na sorte e achar que está tudo certo. 

A torcida pode falar o quanto quiser que "ser Corinthians" é um diferencial. Tite não. Tite tem que trazer o diferencial. 


sexta-feira, 18 de maio de 2012

Como será o Brasileirão 2012

Começo de Brasileirão é sempre a mesma coisa.

Enquanto a maioria dos times escala reservas para priorizar outras competições, os torcedores - independentemente do clube - já exigem a taça e os analistas projetam quem se dará bem, quem briga por Libertadores, quem só faz figuração e quem vai cair.

Tais como todos esses atos, esta é uma obra de ficção. Os eventos aqui relatados são de responsabilidade exclusiva de seu autor e qualquer semelhança com a realidade, seriedade, serenidade e sanidade são meras coincidências ou obras do acaso.

Como será o Brasileirão 2012 para cada um dos 20 times que disputam a Série A:

Santos: Após a eliminação na Libertadores, Muricy Ramalho volta a ter o rótulo de perdedor de mata-matas e distribui patadas em todas as coletivas do Brasileiro até a rodada 12, quando o Peixe volta a se encontrar. Com Bernardo entre os titulares no lugar de Ganso, machucado, e Neymar brilhando como sempre, o alvinegro praiano arranca na metade final do campeonato. Nos jogos decisivos Edu Dracena, Gérson Magrão e Bill brilham nas bolas paradas e dão mais um título ao multicampeão Muricy, que termina 2012 batendo a mão no antebraço e dizendo que ali é trabalho.

Fluminense: A queda na Libertadores influi o início de campeonato do Fluminense, que só começa a jogar bem depois de Abel Braga deixar o clube para buscar uma "nova experiência" no mundo árabe. Renato Gaúcho é contratado e, com seu "jeito boleiro", coloca ordem na casa, tirando o melhor de Deco, Thiago Neves e Fred. A sequência de vitórias nas últimas sete rodadas deixa o Flu com chances de título e o segundo lugar acaba sendo recompensador.

Grêmio: O título da Copa do Brasil dá força para o tricolor gaúcho, que faz uma excelente metade de campeonato. Motivado pelo grande momento de seu time, Vanderlei Luxemburgo distribui críticas aos que diziam que ele estava acabado e fala até em reativar o seu instituto. Depois de afastar Kléber do elenco e dizer a todos os profissionais de imprensa como eles devem trabalhar, Luxa termina o ano entre os três primeiros e fala no pojéto Libertadores.

Corinthians: Após garantir o técnico Tite até o final do ano, mesmo com a eliminação na Libertadores e a venda de jogadores-chave como Paulinho, Danilo, Chicão e Leandro Castán, a diretoria do Corinthians perde a paciência com o treinador e decide mandá-lo embora por volta da rodada 25. Narciso assume o time de forma interina e entrega mais do que haviam pedido, deixando o Timão outra vez na Libertadores, com direito a gol de Emerson Sheik na rodada decisiva contra o São Paulo.

Palmeiras: Os triunfos no início do Brasileiro fazem Felipão bradar aos quatro ventos que ali há uma nova família Scolari. Depois de virar o turno entre os três primeiros o time perde fôlego, levando Felipão a dizer que não foi o responsável pela montagem do elenco e que faz o que pode com as peças que tem. Os tropeços das outras equipes, no entanto, permitem que o Verdão tenha chances de Libertadores nas rodadas decisivas.Valdívia, porém, perde um pênalti na última jornada, fazendo com que o Palmeiras tenha que disputar novamente a Copa do Brasil.

Atlético-MG: O título simbólico do primeiro turno empolga os entusiastas do Galo e seu torcedor mais ilustre, Alexandre Kalil. Na rodada 20, porém, Cuca começa a perder o grupo. Kalil, que havia trazido Thiago Ribeiro, Muriqui e Felipe Mello, vê seus reforços caírem no ostracismo e demite Cuca na rodada 29. O mandatário decide então voltar às origens e traz Marcelo Oliveira, que deixa a equipe em uma honrosa sexta posição.

Internacional: A demissão de Dorival Júnior na rodada 14 impacta o Colorado, que fica mais três jornadas sem vencer. Como o mercado não oferece alternativas, a diretoria decide ir atrás de Enderson Moreira, que volta ao clube e escala diversos meninos, em movimento que fica conhecido como "renovação colorada". Os medalhões pouco a pouco deixam o clube e os gaúchos entram definitivamente em uma nova fase; com gastos mais modestos e sem serem apontados como favoritos ao título.

Cruzeiro: Apesar de todas as críticas recebidas, Celso Roth consegue um desempenho pra lá de bom com o Cruzeiro e deixa a equipe na zona de classificação à Sul-Americana. Mesmo com o feito, a diretoria celeste termina o ano sondando nomes para substituí-lo. Adílson Batista é o mais cotado...

São Paulo: A boa campanha na Copa do Brasil e a atitude dócil de Emerson Leão fazem os mandatários tricolores apostarem no treinador até a rodada 10, quando a sequência de dissabores passa a ser insuportável. Renê Simões assume o time e é demitido, mandando às favas todo aquele projeto de quatro anos na base. A diretoria anuncia que o problema do time não é atitude, mas sim técnico, e Dorival Júnior é contratado.

Vasco: Sem Cristóvão Borges, demitido após a derrota na Libertadores, o Vasco faz uma campanha ruim, calcada apenas nos bons momentos de Diego Souza, Juninho e William Barbio. Joel Santana é contratado e promete mudar o ambiente na Colina, mas consegue apenas 8 vitórias, 10 empates e 12 derrotas, sendo demitido ao final do campeonato.

Flamengo: Após a saída de Joel Santana o Flamengo decide trazer Andrade de volta ao comando do clube, resgatando a mística do título de 2009. Com o auxílio de Adriano e Ronaldinho Gaúcho o time não consegue nada e Andrade é demitido. Patrícia Amorim decide então pagar a multa rescisória para trazer Jorginho de volta do Japão, uma vez que ele é grande amigo de Zinho. O novo treinador tira o time do risco de rebaixamento e promete alegrias para 2013.

Botafogo: Depois de ver o fracasso do projeto de Osvaldo de Oliveira à frente do Fogão, os diretores decidem apostar na efetivação de Loco Abreu como player-manager, uma vez que tem coisas que só acontecem com o Botafogo. Abreu não faz feio na função e nem bonito, de forma que Cuca é contratado para tirar o time da zona do rebaixamento. A 13ª colocação acaba ficando de bom tamanho e a diretoria fala em dar nova chance a Jóbson.

Bahia: Pressionado, Falcão decide deixar o cargo de treinador do clube na rodada de número 11. Depois de contratar e ver Toninho Cerezo e Vágner Mancini fazerem feio à frente do time, a diretoria decide dar mais uma chance a Antônio Lopes, que salva o Bahia do descenso. Souza fica entre os cinco artilheiros do campeonato.

Coritiba: Prestigiado no cargo, Marcelo Oliveira aguenta comandar o Coxa até a reta final do campeonato,  mesmo com o time rendendo pouco. Ele decide então aproveitar o convite do Atlético-MG.  O time de Keirrison passa pelas mãos de Renê Simões sem grandes melhoras e o clube termina o ano anunciando a contratação de Caio Júnior.

Sport: Vagner Mancini faz um bom trabalho até as cercanias da metade do campeonato, quando o time entra em uma espiral descendente. Sem jogadores à altura da briga contra o rebaixamento o Sport apela para a mística de Emerson Leão, que consegue tirar o time do descenso graças aos gols de Carlinhos Bala e Geílson.

Ponte Preta: Pregando continuidade, a Macaca decide ir do início ao fim com Gilson Kleina. Renato Cajá e Roger são vendidos para a China. Mesmo com a diretoria se desfazendo de todos os bons valores do elenco, Kleina consegue manter o time na Série A.


Atlético-GO: Mesmo escalando o time sempre no 4-2-2-2 e com os mesmos jogadores Adílson Batista é taxado de professor Pardal e dá lugar a Hélio dos Anjos. Apesar de toda a confiança do torcedor ele não consegue salvar o Dragão do rebaixamento.


Figueirense: Depois de demitir Argel na rodada 9, Péricles Chamusca na rodada 20 e Adílson Batista na rodada 34, os diretores do Figueirense acreditam que talvez tenha sido um erro ter mandado Branco ao final do catarinense. Contratado como estrela, o meia Roger termina o ano brigado com a diretoria. 

Portuguesa: Com refugos de outros times da Série A a Lusa de Geninho tenta de todas as formas apagar a péssima impressão do início do ano, mas acaba fracassando. Candinho assume o time e nada consegue fazer, muito em função do péssimo desempenho de Jóbson e atuações sofríveis de Ananias, Negueba e Dênis Marques. Giba termina o ano comandando o time e quase consegue escapar do rebaixamento. Quase...

Náutico: Demitido na sexta rodada, Gallo brada contra a diretoria do Náutico, que decide trazer Branco para o comando da equipe. O treinador não dá certo e dá espaço para PC Gusmão, que também é mandado embora. Roberto Fernandes é contratado e demitido.

terça-feira, 15 de maio de 2012

Prévia: Libertad x Universidad de Chile


O único jogo das quartas de final que não envolve times do "eixo" Brasil-Argentina promete ser um dos mais interessantes desta fase. O Libertad recebe a Universidad de Chile no estádio Nicolás Leóz em Assunción. Será um duelo de dois técnicos argentinos - xarás inclusive - que têm ideias e planos de jogo diametralmente opostos.  

Do lado paraguaio, Jorge Burruchaga vai apostar uma vez mais na aplicação tática de seu time e na execução das bolas paradas e cruzamentos para a área. Do lado chileno, Jorge Sampaolli vai impor seu jogo fluido de posse de bola, passes rápidos e intensa movimentação de seus jogadores. 

Na disposição tática deve ser o duelo do 4-4-2 imutável do Libertad contra o 3-4-3 de La U, com possibilidade das já tradicionais mudanças durante a partida para uma linha de quatro jogadores atrás. Dada as formações e o estilo dos dois times, o Gumarelo pode ter vantagem nas jogadas pelos lados do campo, enquanto a Universidad de Chile tem maiores chances de se dar bem na movimentação pela zona central: 


Lados do campo devem ser a aposta do Libertad, sobretudo com as ultrapassagens de Samudio e Bonet. Para os paraguaios o cruzamento da intermediária já é ótimo negócio. La U, por sua vez, deve apostar na movimentação às costas dos volantes Aquino e Cáceres. 


Como já foi dito, a grande força  do Libertad é a aplicação e propensão tática ao 4-4-2 em duas linhas. Bonet e Ayala pela direita e Civelli e Samudio pela esquerda sabem exatamente o momento de avançar e recuar, além de serem bons marcadores e razoáveis apoiadores. Caso o Gumarelo emplaque um ataque conjunto por ali, restará a La U confiar na entrega de Henríquez e Junior Fernandes para acompanhar os avanços dos laterais e da marcação de Rodríguez e Mena aos meias abertos. O problema é que nenhum dos quatro jogadores do time chileno se destaca por sua capacidade defensiva. Pelo contrário... Rodríguez já tem quatro gols na Libertadores, Mena está sempre apoiando o ataque, enquanto Junior e Henríquez muitas vezes atuam enfiados na área adversária. 

Há ainda um agravante para a Universidad de Chile: Velázquez. O atacante do time paraguaio está longe de ser um ótimo atleta, mas é um grande jogador... No sentido literal mesmo. Com seu 1,92m, o centroavante terá a vantagem de disputar bolas aéreas contra defensores "nanicos". O mais alto dos zagueiros de La U é Osvaldo González, que tem 1,82m. Pepe Rojas e Acevedo tem 1,76m. Admitindo que Sampaolli possa não escalar Acevedo, que retorna de contusão, restaria a alternativa de mandar Lichnovski (1,85m) a campo. O problema é que o camisa 24 acabou de completar 18 anos. Não acredito que seja uma boa mandar um menino para um jogo deste tamanho.

De toda a forma, tudo depende de como os chilenos farão o manejo da bola. A equipe tradicionalmente valoriza a posse e marca os adversários pressionando-os no campo de defesa e avançando suas linhas. Se isto for feito da maneira correta, o Libertad não vai conseguir nem mesmo se aproveitar das bolas longas e, portanto, a ameaça dos cruzamentos seria restrita a escanteios e faltas da intermediária. A observar, já que contra o Deportivo Quito - em que se pese a altitude - os comandados de Sampaolli não acertaram nem a marcação e nem a pressão, sendo expostos seguidas vezes pelos flancos do campo. 

Mas se por um lado a Universidad de Chile deve "pastar" com as jogadas de lado de campo e cruzamentos para a área, por outro os jogadores azules são muito mais técnicos e de passe apurado. Marcelo Díaz tem sido o grande nome da equipe até o momento e já mostrou que, com espaço, é capaz de fazer miséria. Junto a Charles Aranguíz, o meio de La U se torna perigosíssimo e vai dar muito trabalho para os marcadores Aquino e Cáceres. Ainda mais com o time de Sampaolli atuando com Lorenzetti como "falso 9". Livre para se movimentar por todo o campo, Lorenzetti "quebra" as defesas adversárias, abrindo espaço para a entrada de Henríquez e Junior Fernandes (Emílio Hernandez) dentro da área. Como o Libertad deve ter dois meiocampistas pela faixa central, o recuo de Lorenzetti dará a superioridade numérica aos chilenos no setor, obrigando um dos defensores a se adiantar e deixar o companheiro no mano a mano com um dos integrantes do ataque azul. 

Há também a possibilidade de La U vir para este primeiro confronto com o 4-2-3-1 utilizado no segundo tempo da vitória contra o Deportivo Quito. 

Universidad de Chile no 4-2-3-1 utilizado no segundo tempo da partida de volta contra o Deportivo Quito. Magalhaes faz a lateral direita e Rodríguez sobe para ser ponta por aquele lado. Henríquez, enfiado na área e com grande movimentação, se torna o camisa 9. Foi assim que ele fez dois gols contra os equatorianos

Foi assim que os chilenos frearam o ímpeto dos chullas e ainda conseguiram mais três gols. Neste caso Acevedo (Lichnovski) daria lugar a Paulo Magalhaes e González, que estava suspenso, seria o parceiro de Pepe Rojas. Na frente, Lorenzetti seria o enganche, Mathias Rodríguez avançaria para a meia e Henríquez jogaria enfiado entre os zagueiros. 

Por fim, não acredito em uma definição neste primeiro jogo. Ciente de suas limitações e potencial, o Libertad deve dar uma boa dose de campo para La U e tentará as ligações rápidas pelos lados, em especial com inversões de bola para pegar a defesa desmontada. Já os chilenos, calejados pelos 4 a 1 de Quito, não deverão se expor tanto assim. Deverão, sim, jogar com a bola e tentar entrar na área adversária tocando, mas não se darão ao luxo de tomar outra goleada fora de casa. 

quarta-feira, 9 de maio de 2012

Velocidade e bola parada para vencer (ou perder) do Boca


Os brasileiros Corinthians e Vasco entram em campo nesta quarta-feira tentando afugentar os temores de uma possível eliminação ainda nas oitavas de final. Acredito que a missão do Vasco, apesar de ter vencido o primeiro jogo, seja mais difícil que a do Timão, mas também estou convicto de que um gol do Emelec pode trazer a ruína para o alvinegro paulista. De toda a forma, quero chamar a atenção para um jogo que faz a prévia dos confrontos de hoje: Unión Española x Boca Juniors. 

Na Bombonera os xeneizes fizeram 2 a 1 e vão ao estádio Santa Laura com a vantagem do empate. O time argentino deve apostar nos contra-ataques para acalentar o furor hispano de abrir o placar, enquanto os chilenos farão transições rápidas com a posse de bola, explorando seus dois homens abertos, no seu 4-3-3.



Já o Boca deve manter o 4-3-1-2 de costume, mas com as ausências de Ledesma, Somoza e Santiago Silva. Mouche deve fazer dupla com Cvitanich, o que deve dar bastante velocidade e recomposição aos argentinos. 

Apesar dos estilos de jogo dos dois times sugerirem um jogo de muita velocidade, quero atentar para as jogadas de bola parada. A Unión Española mostrou que trabalha demais as cobranças de falta laterais. Tanto as ofensivas, quanto as defensivas. Quando é atacada, a equipe de "Coto" Sierra faz uma linha de marcação bastante alta para deixar eventuais "apressadinhos" em impedimento:



Como quem bate na bola pelo Boca é o grande Riquelme, os cruzamentos sempre ficaram no limiar de serem encontrados pela cabeça de um atacante xeneize. Porém, em todas as ocasiões os defensores chilenos foram mais rápidos que os atacantes adversários e desviaram a pelota. 

No outro extremo do campo a Unión Española faz um posicionamento interessante também. Todos os jogadores de ataque se colocam no segundo pau até a saída da bola. Quando ela vem todos se movem para o primeiro pau, como mostram as duas figuras a seguir: 


Ou seja, tanto ofensivamente, quanto defensivamente os hispanos apostam na velocidade de seus cabeceadores para ganhar o lance. É uma sacada que se bem executada pode dar a vitória ao time chileno, mas que se alguém dormir pode significar a eliminação... 

quarta-feira, 2 de maio de 2012

Como joga o Deportivo Quito

Quando falamos de nível técnico, Atlético Nacional e Vélez Sarsfield sem sombra de dúvida foi o grande confronto das oitavas de final da Libertadores deste ano. Pelo momento e pelas propostas de jogo, porém, acredito que Deportivo Quito x Universidad de Chile será um jogo bem mais aberto e agradável.

Do time chileno todos estão cansados de saber. A equipe joga com marcação pressão, toque de bola rápido e intensidade o tempo todo. Por isso chega à área adversária com seis ou sete jogadores e por isso faz a recomposição defensiva tão rápido. O time é um pouco pior do que o do ano passado devido às vendas de diversas peças-chave, mas o técnico argentino Jorge Sampaolli soube contornar os desfalques e montou uma vez mais um ótimo time (leia mais sobre as mudanças de La U aqui). 

Normalmente Sampaolli escala sua equipe em um 3-4-3. Nesta quinta, porém, em virtude do desfalque de Walter Acevedo, o líbero do time, o treinador escalará novamente o 4-3-3 que deu certo na vitória contra o Atlético Nacional há algumas semanas. Desta maneira La U deverá se apresentar como na figura abaixo:

Em meio ao desfalque de Acevedo, Sampaolli tem empregado uma linha de quatro defensores atrás. O esquema limita os avanços de Rodríguez e Mena, os melhores laterais/alas da primeira fase. Por outro lado a equipe ganha em força criativa, com Lorenzetti jogando de enganche - protegido por Díaz e Aranguíz - e tendo três homens de ataque à sua frente.

Já o Deportivo Quito é mais misterioso para o público que não acompanhou o grupo 7 da Libertadores. Pois bem: os equatorianos, dirigidos pelo argentino Carlos Ischia - campeão do Apertura 2008 pelo Boca e da Recopa Sul-Americana do mesmo ano - também pelos xeneizes - jogam um futebol veloz, baseado em lançamentos longos pelos lados do campo. Na primeira fase a equipe atuou na maior parte do tempo com o 4-2-3-1 usado no segundo tempo da vitória por 5 a 0 diante do Chivas:

O destaque individual do time é Fidel Martínez, que jogou nas divisões de base do Cruzeiro quando tinha 18 anos, mas que não vingou e que só agora, aos 22, encontrou seu melhor futebol. Não à toa o menino é chamado de Neymar equatoriano pela mídia local. No meio Saritama dá a qualidade do passe para acionar Paredes e Fidel. Na frente Alustiza ou Bevacqua se encarregam de bater com os zagueiros e tentar os gols. 

O esquema, porém, é variável, de forma que no início daquela partida - quando o Deportivo Quito precisava vencer - os chullas entraram num autêntico 4-3-3, com Alustiza, Bevacqua e Fidel Martínez mais avançados e Paredes saindo um bocado para o jogo:



Em outros momentos a formação foi para o 4-4-2, com Martínez voltando mais e Alustiza mais centralizado... Esquemas táticos à parte, o que não muda é o estilo de jogo do time equatoriano. Com a bola os jogadores de defesa normalmente procuram os lados do campo, onde Foleco e Velasco dão "pelotazos" para Fidel Martínez, Paredes ou Alustiza tentarem ganhar na corrida dos adversários. Caso a estratégia seja bem sucedida, o ponteiro que corre sem a bola fecha pelo meio para tentar puxar a marcação ou então concluir a gol. Se o adversário estiver mais fechado o jogo começa com Saritama, camisa 10 e cérebro do time. É dele que saem as bolas mais agudas da equipe de Quito. 


Sem a redonda, a marcação dos chullas ocorre sempre atrás do meio de campo, com Martínez e Paredes (ou Alustiza) correndo no encalço dos laterais adversários, Olivo protege a zaga com botes "altos" e Saritama faz a cobertura. Os laterais quase não apoiam e deixam os limitados Checa e Espinoza à vontade para "errar" se necessário. Desta forma o Deportivo Quito passou pela primeira fase com quatro gols sofridos, nenhum deles no estadio Olímpico Atahualpa, onde acontece o jogo desta quinta-feira. Aliás, a equipe equatoriana está invicta em seus domínios e com 100% de aproveitamento. Já quando foi visitante o time de Carlos Ischia conseguiu um empate e foi derrotado duas vezes. 


É claro que a altitude de Quito tem grande influência nestes resultados, mas também é verdade que o clube equatoriano perdeu do Vélez somente no último minuto de jogo na Argentina e que também tomou o empate do Chivas nos segundos derradeiros. Ou seja.... Tal qual o Bolívar, o Deportivo Quito está longe de ser só o time da altitude e do ar rarefeito. 

Não é um time capaz de rivalizar com a Universidad de Chile em seus melhores momentos, mas certamente veremos um bom jogo nesta quinta-feira. 

terça-feira, 1 de maio de 2012

Como joga o Emelec

O Corinthians enfrenta nesta quarta-feira o Emelec em Guaiaquil, na primeira partida das oitavas de final da Libertadores 2012. O técnico Tite, como de costume, foi bem em suas escolhas. Para a partida contra os equatorianos o Corinthians vai com Cássio, 1,95 m, no gol, e o rápido William no lugar do desgastado Liédson. Em tese os efeitos das duas alterações serão positivos ao time alvinegro. Primeiro porque Cássio é alto e muito bom na bola aérea, a grande arma do Emelec. Segundo porque William deve dar mais mobilidade ao ataque se conseguir tirar os zagueiros de dentro da área equatoriana. 

Como ficou nítido na primeira fase, o Emelec não tem na qualidade de seus atletas o seu maior trunfo. A aposta de Marcelo Fleitas é na garra dos jogadores e na aplicação a seu sistema tático, um 4-4-2 padrão. 



Esta formação, no entanto, é recente para a equipe e ainda carece de ajustes, o que pode ajudar bastante o Timão. Os eléctricos começaram a Libertadores com um 3-4-1-2, uma herança de 2011. No primeiro semestre daquele ano o time dirigido pelo argentino Omar Asad atuava ora em um 3-6-1 ora no 3-4-3. Foi desta forma, com grande inspiração do volante Fernando Gaibor e do atacante Menéndez, que o Emelec faturou o Primera Etapa do Equador, no qual teve a melhor defesa. 

Na segunda metade do ano Asad deixou seu posto para Juan Ramón Carrasco, hoje no Atlético Paranaense. Com sua tradicional filosofia de jogo ofensivo, Carrasco desmontou o ótimo sistema defensivo eléctrico para apostar no seu 3-3-1-3 ou 3-4-3, com posse de bola e toques rápidos. Os resultados foram péssimos e o uruguaio foi praticamente expulso do clube. Para a decisão do campeonato - entre o campeão do Primera e do Segunda Etapa (o Deportivo Quito) - a diretoria decidiu efetivar no comando técnico o, até aquele momento jogador, Marcelo Fleitas. O título não veio, mas o equatoriano acabou ficando e modificou a forma de a equipe jogar, muito embora não tenha mexido no esquema tático. 

Nas quatro primeiras partidas da fase de grupos, Fleitas apostou no seu 3-4-1-2 e conseguiu uma vitória contra o Olimpia e três derrotas - duas para o Lanús e uma para o Flamengo. No primeiro jogo perdido para os argentinos e no dissabor contra os cariocas, o Emelec ficou com dez ainda na etapa inicial, o que minou qualquer conclusão sobre como os eléctricos deveriam seguir. 


Nas quatro primeiras rodadas Fleitas quis manter três zagueiros e atuar com dois ou três atacantes. Não deu certo. Morante e Baguí cansaram de levar bolas nas costas e Enner Valencia, com vocação ofensiva, perdeu muito de seu poderio ao ter que marcar os jogadores de lado dos adversários. 


Porém, quando o time equatoriano perdeu de 2 a 0 para o Lanús em casa, com 11 o tempo todo, Fleitas achou melhor intervir. Contra o Flamengo os equatorianos "estrearam" a formação de um 4-4-2 bastante ofensivo, baseado principalmente nas subidas de Enner Valencia ao ataque e cruzamentos para Figueroa. Foi assim que a equipe conseguiu a vitória emblemática aos 48 minutos do segundo tempo, com pênalti convertido por Gaibor. 

Contra o Olimpia, Fleitas manteve a ideia: ataques pelos lados do campo, esticadas para Mondaini e... cruzamentos para Figueroa. O resultado todos sabem: outro 3 a 2 em um dos jogos mais dramáticos da história do futebol mundial. 


Contra o Flamengo e contra o Olimpia, Fleitas apostou em um 4-4-2 ofensivo e conseguiu sair com a vitória. Valencia apoia demais pela esquerda, enquanto Gimenez tenta proteger Baguí no lado direito. No meio, Gaibor é o responsável por girar a bola e avançar com ela até a "zona de cruzamento". Quiñonez fica mais na marcação e Mondaini se movimenta pelos lados do campo, sobretudo o esquerdo do ataque equatoriano. 

Diante do Corinthians o Emelec deve manter seu esquema tático, mas provavelmente não irá ao ataque. Diferentemente do Bolívar, que gosta de jogar com a bola sem se importar com quem é o adversário, os eléctricos querem mais é não tomar gols para depois especular uma bola parada ou cruzamento para seus centroavantes. Por isso Cássio é uma boa... Por isso William é uma boa.  

Se o goleiro mantiver a tranquilidade e superar a falta de ritmo nas saídas de bola os problemas do Corinthians serão reduzidos. Se o atacante conseguir confundir a marcação com sua velocidade e troca de posição com Jorge Henrique e Emerson, os corintianos conseguirão causar bons problemas ao adversário. Outra boa arma pode ser a infiltração de Paulinho, já que em tese o Timão terá três no meio - Ralf, Paulinho e Danilo - contra dois volantes equatorianos: Gaibor e Pedro Quiñonez.