quarta-feira, 2 de maio de 2012

Como joga o Deportivo Quito

Quando falamos de nível técnico, Atlético Nacional e Vélez Sarsfield sem sombra de dúvida foi o grande confronto das oitavas de final da Libertadores deste ano. Pelo momento e pelas propostas de jogo, porém, acredito que Deportivo Quito x Universidad de Chile será um jogo bem mais aberto e agradável.

Do time chileno todos estão cansados de saber. A equipe joga com marcação pressão, toque de bola rápido e intensidade o tempo todo. Por isso chega à área adversária com seis ou sete jogadores e por isso faz a recomposição defensiva tão rápido. O time é um pouco pior do que o do ano passado devido às vendas de diversas peças-chave, mas o técnico argentino Jorge Sampaolli soube contornar os desfalques e montou uma vez mais um ótimo time (leia mais sobre as mudanças de La U aqui). 

Normalmente Sampaolli escala sua equipe em um 3-4-3. Nesta quinta, porém, em virtude do desfalque de Walter Acevedo, o líbero do time, o treinador escalará novamente o 4-3-3 que deu certo na vitória contra o Atlético Nacional há algumas semanas. Desta maneira La U deverá se apresentar como na figura abaixo:

Em meio ao desfalque de Acevedo, Sampaolli tem empregado uma linha de quatro defensores atrás. O esquema limita os avanços de Rodríguez e Mena, os melhores laterais/alas da primeira fase. Por outro lado a equipe ganha em força criativa, com Lorenzetti jogando de enganche - protegido por Díaz e Aranguíz - e tendo três homens de ataque à sua frente.

Já o Deportivo Quito é mais misterioso para o público que não acompanhou o grupo 7 da Libertadores. Pois bem: os equatorianos, dirigidos pelo argentino Carlos Ischia - campeão do Apertura 2008 pelo Boca e da Recopa Sul-Americana do mesmo ano - também pelos xeneizes - jogam um futebol veloz, baseado em lançamentos longos pelos lados do campo. Na primeira fase a equipe atuou na maior parte do tempo com o 4-2-3-1 usado no segundo tempo da vitória por 5 a 0 diante do Chivas:

O destaque individual do time é Fidel Martínez, que jogou nas divisões de base do Cruzeiro quando tinha 18 anos, mas que não vingou e que só agora, aos 22, encontrou seu melhor futebol. Não à toa o menino é chamado de Neymar equatoriano pela mídia local. No meio Saritama dá a qualidade do passe para acionar Paredes e Fidel. Na frente Alustiza ou Bevacqua se encarregam de bater com os zagueiros e tentar os gols. 

O esquema, porém, é variável, de forma que no início daquela partida - quando o Deportivo Quito precisava vencer - os chullas entraram num autêntico 4-3-3, com Alustiza, Bevacqua e Fidel Martínez mais avançados e Paredes saindo um bocado para o jogo:



Em outros momentos a formação foi para o 4-4-2, com Martínez voltando mais e Alustiza mais centralizado... Esquemas táticos à parte, o que não muda é o estilo de jogo do time equatoriano. Com a bola os jogadores de defesa normalmente procuram os lados do campo, onde Foleco e Velasco dão "pelotazos" para Fidel Martínez, Paredes ou Alustiza tentarem ganhar na corrida dos adversários. Caso a estratégia seja bem sucedida, o ponteiro que corre sem a bola fecha pelo meio para tentar puxar a marcação ou então concluir a gol. Se o adversário estiver mais fechado o jogo começa com Saritama, camisa 10 e cérebro do time. É dele que saem as bolas mais agudas da equipe de Quito. 


Sem a redonda, a marcação dos chullas ocorre sempre atrás do meio de campo, com Martínez e Paredes (ou Alustiza) correndo no encalço dos laterais adversários, Olivo protege a zaga com botes "altos" e Saritama faz a cobertura. Os laterais quase não apoiam e deixam os limitados Checa e Espinoza à vontade para "errar" se necessário. Desta forma o Deportivo Quito passou pela primeira fase com quatro gols sofridos, nenhum deles no estadio Olímpico Atahualpa, onde acontece o jogo desta quinta-feira. Aliás, a equipe equatoriana está invicta em seus domínios e com 100% de aproveitamento. Já quando foi visitante o time de Carlos Ischia conseguiu um empate e foi derrotado duas vezes. 


É claro que a altitude de Quito tem grande influência nestes resultados, mas também é verdade que o clube equatoriano perdeu do Vélez somente no último minuto de jogo na Argentina e que também tomou o empate do Chivas nos segundos derradeiros. Ou seja.... Tal qual o Bolívar, o Deportivo Quito está longe de ser só o time da altitude e do ar rarefeito. 

Não é um time capaz de rivalizar com a Universidad de Chile em seus melhores momentos, mas certamente veremos um bom jogo nesta quinta-feira. 

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