segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Politicagem pouca é bobagem

Conchavos, interesses e toda a sorte de mandos, desmandos e birras à parte, o anúncio do estádio do Corinthians como São Paulo na Copa de 2014 é, no mínimo, incoerente. E isso falando apenas do ponto de vista do discurso...

Quando o Morumbi era o principal candidato a ser palco do Mundial em São Paulo a CBF fez um jogo de joão-sem-braço e disse que a FIFA teria que analisar o projeto e dar seu veredito. O primeiro, segundo e n projetos foram reprovados. Mesmo com as reformas programadas o estádio não atingia os requisitos não só para a abertura, como para qualquer partida do torneio.

O buraco era mais embaixo.

Num último ato o São Paulo fez diversas alterações e a obra toda ficou orçada em 600 milhões de reais. Em resposta a FIFA disse que o estádio serviria para uma semifinal. O São Paulo então voltou atrás e apresentou um projeto no valor de 250 milhões.

A FIFA então - em estranho comunicado via CBF - disse que não haviam garantias financeiras para o empreendimento.

Agora, menos de três meses depois FIFA, CBF, governo e prefeitura de São Paulo estão em festa. O Fielzão, estádio que nem existe, está confirmado como sede da capital paulista e provavelmente como local da abertura da Copa do Mundo de 2014.

Tudo isso sem nem FIFA e nem CBF olharem o projeto ou as garantias financeiras do estádio.

E isso não é teoria da conspiração. O próprio presidente do Corinthians, Andres Sanchez, afirmou hoje: "Nem Ricardo Teixeira, nem ninguém dos governos federal, estadual e municipal, viu o projeto. Só o Corinthians, a Odebrecht (construtora responsável pelo estádio) e os arquitetos."

Se a obra vai ter ou não dinheiro público só o futuro dirá - o histórico recente do Brasil no Pan-Americano diz que sim -, mas o fato é que até mesmo no discurso fica clara a politicagem da escolha do estádio.

Afinal, que coerência é esta que veta seis projetos do Morumbi e aprova um sem nem vistoria ou estudo aprofundado?

domingo, 22 de agosto de 2010

Na teoria a prática é outra

*Texto publicado originalmente no Olheiros.net

Depois que Ricardo Teixeira e grande parte dos brasileiros descobriram que o único jogador sub-24 da seleção que foi à Copa do Mundo 2010 era Ramires, um novo mantra começou a ser entoado. O comprometimento, tão em voga de 2006 pra cá, saiu de cena e deu lugar ao cântico da renovação. Renovação do futebol, renovação do comando técnico, renovação dos nomes... Renovar é preciso, viver não é preciso!

Saiu Dunga, veio Mano Menezes e a renovação ganhou forma e texto logo na apresentação do treinador. Além de renovada seleção, renovados conceitos! Os Jogos Olimpícos, que normalmente são lembrados apenas seis meses antes do torneio, entraram na pauta e Mano afirmou: a Olimpíada é parte fundamental de seu plano à frente da seleção e por isso ele comandará o time em Londres. Isso, em caso de classificação.

Indagado pelos jornalistas do programa "Bem Amigos", do Sportv, Mano "explicou" que o Brasil ainda não estava na Olimpíada, pois precisava conseguir a vaga no Sul-Americano Sub-20 de 2011. Perguntado sobre quem dirigiria essa seleção sub-20, o comandante limitou-se a dizer que não seria ele e não citou nome algum. Mas, quem seria/será então? Nem mesmo a CBF sabe.

Isso porque, desde que Rogério Lourenço se afastou das funções para dirigir o time principal do Flamengo, oficialmente a seleção brasileira de juniores não tem técnico. No final de maio deste ano, após a saída de Lourenço, uma manchete no site da CBF informava que a seleção sub-19 havia sido convocada para um período de testes na Granja Comary. Somente lendo a notícia era possível saber que ela fôra convocada por Luiz Verdini.

Até o mês de abril, Luiz Antônio Verdini nunca havia sido técnico de futebol. Formado em educação física, se especializou como preparador e teve seu primeiro trabalho em 1992, no time sub-20 do América-RJ. Daí em diante, Verdini passou pela seleção brasileira sub-17, seleção sub-18 dos Emirados Árabes, futsal do Vasco e sub-20 do Bangu. Em 2006 foi contratado pelo time de juniores do Botafogo e em 2007 chegou à seleção brasileira sub-18, de onde saltou para a sub-20. Durante toda a era Rogério Lourenço, foi ele o preparador físico do Brasil.

Em abril, com a necessidade de disputar dois torneios simultaneamente, um sub-19 e um sub-18, a CBF decidiu dar poderes de técnico a Verdini e não a Diogo Linhares, assistente de Lourenço. Quando Rogério saiu, Verdini ficou com o comando do sub-20, mas sem anúncio oficial nenhum da entidade máxima do futebol brasileiro. Coincidência ou não, desde que ele se tornou o técnico, as notícias no site da CBF não trazem títulos na ordem direta, como "Luiz Verdini convoca a seleção". Todos seguem a linha do "seleção convocada", sem menção ao comandante.

Ou seja, na nova era da seleção brasileira, de renovação das peças, integração das seleções de base com a principal e estímulo aos mais jovens, a equipe nacional sub-20 tem um treinador "não-oficial" vivendo sua primeira experiência como técnico. Não fosse o bastante, no dia 11 de agosto o Avaí anunciou a contratação de Verdini para o seu time de juniores, o que faz com que ele não tenha mais dedicação exclusiva à seleção.

Em sua apresentação oficial, com direito a coletiva, Luiz disse que aceitou o cargo porque o projeto do Avaí era ambicioso e bem estruturado, segundo ele "um salto à frente dos outros clubes". Já sobre a conciliação de dois cargos dessa importância, Verdini falou que era até melhor que o treinador da seleção de base treinasse também um clube, já que isto facilitaria a observação de atletas por regiões do país. "É claro que minha estada aqui minimiza a distância (da seleção). Não só pro Avaí, mas pra todo o estado e para toda a região. Onde o Avaí estiver jogando e eu estiver observando, todos os jogadores vão ter chance de estar na minha seleção", afirmou.

Indagado sobre uma eventual participação na convocação do goleiro Renan, do próprio Avaí, para a seleção de Mano Menezes, Verdini disse que sua chegada no clube catarinense não tinha nada a ver com o chamado. No entanto, sobre Alek Sander, arqueiro /91 convocado para a seleção sub-20 em julho, Luiz deixou escapar que foi um mérito do site do Avaí. "Foi fruto do trabalho, podemos assim dizer, do marketing do Avaí. Observei na relação dos jogadores na internet que o clube tinha um goleiro com idade pro sub-20 e com altura boa. O vi jogar e então o convoquei", disse.

Qualidade dos convocados e da comissão técnica à parte, as afirmações de Verdini não parecem condizentes com o ambicioso projeto da CBF. A não ser, é claro, que ele possua uma logística tão rasa a ponto de ignorar um trabalho aprofundado de olheiros espalhados pelo país, comunicação da confederação com os clubes, liderança e qualidade técnica do treinador, para privilegiar o "olhar" próximo de quem disputa jogos em Santa Catarina e que descobre - pela altura - atletas escondidos em websites.

Novas caras, projeto Olímpico, ganhar a Copa de 2014... Tudo muito bonito, tudo muito certinho, mas isso é consequência, não é causa. A causa é a estrutura das seleções de base brasileiras, é a integração entre elas, é a preparação para a etapa seguinte... Infelizmente, por ora, a seleção júnior patina dentro e, principalmente, fora de campo. É bom lembrar que sem uma boa campanha no Sul-Americano em maio do ano que vem, não há Jogos Olímpicos, não há teste para Mano e não há a tão alardeada renovação.

domingo, 15 de agosto de 2010

O novo São Paulo

O São Paulo empatou mais uma e podia até ter perdido contra o Cruzeiro.

No entanto, a estreia do técnico Sérgio Baresi dá motivos para imaginar um futuro melhor para o Tricolor.

Baresi estudou o adversário, mandou a campo um time adequado ao esquema de jogo, ensaiou e colocou em prática jogadas de bola parada e vibrou no banco de reservas. No final deu sufoco e quase quase venceu.

A igualdade veio em falhas individuais. Ricardo Oliveira fez um, mas perdeu gols que não podia e Samuel falhou no primeiro tento cruzeirense.

Normal. É um período de adaptação a uma nova "era" no São Paulo.

Era necessário e pode dar certo.

sábado, 7 de agosto de 2010

Para estrear

No momento em que escrevo este post, Mano Menezes e sua turma de selecionáveis devem estar chegando a New Jersey, onde o novo comandante brasileiro fará sua estreia diante dos EUA.

Pelo que já vi, li e ouvi do próprio Mano, chuto aqui o time que deve ir à campo na terça-feira.

Esquema: 4-2-3-1

1- Victor

2- Daniel Alves
3- Thiago Silva
4- David Luiz
6- André Santos

5- Lucas
8- Hernanes

7- Ramires
10- Paulo Henrique Ganso
11- Robinho

9- André

Minha dúvida é se Ramires jogará aberto pela direita ou se toma a vaga de Hernanes, abrindo vaga para Éderson ou Carlos Eduardo. Veremos...


quarta-feira, 4 de agosto de 2010

A imagem que fica

Entre tantas imagens desse Santos campeão da Copa do Brasil, uma em especial me chamou a atenção na partida decisiva do torneio.

Eram jogados 25 minutos da segunda etapa e o Peixe empatava o jogo em 1 a 1. Então começou...

Rafael para Dracena, Dracena para Alex Sandro que liga com Ganso. Ganso para, olha toca pra Marquinhos e se apresenta. Marquinhos manda pra Pará, Pará com Durval, Durval pra Arouca, Arouca pra Ganso que acha Robinho aberto na esquerda. Neymar se apresenta, Robinho volta com Ganso, Ganso pra Marquinhos, Marquinhos pra Alex Sandro e cruzamento na área...

Foi mais ou menos assim durante 1 minuto de jogo.

Simples e inteligente, como foram os melhores jogos do Peixe nesse ano.