terça-feira, 25 de setembro de 2012

Um raio-x da "desconhecida" LDU Loja

O São Paulo enfrenta nesta quarta-feira a "desconhecida" Liga Deportiva Universitaria de Loja pelas oitavas de final da Copa Sul-Americana. A equipe de fato nunca esteve entre as principais do Equador, mas vem fazendo algum barulho no país em 2012.

Basta dizer que La Garra del Oso ficou com o vice-campeonato equatoriano do primeiro semestre, o Primera Etapa. O título simbólico - uma vez que no país só é considerada taça a conquista do torneio anual - só não aconteceu por causa do saldo de gols do Barcelona de Guaiaquil, que acabou sendo melhor. Em números, no entanto, dá pra notar o quanto a LDU Loja foi bem. No primeiro turno a equipe chegou a 38 pontos em 22 jogos, com dez vitórias, oito empates e quatro derrotas, o que dá um aproveitamento de 57%. Já neste segundo semestre a campanha é mais modesta: no Segunda Etapa são dez jogos, com três vitórias, dois empates e cinco derrotas, aproveitamento de 36,6%.

Não há um grande motivo para a queda, com exceção da qualidade dos jogadores - que não é muita - e da maratona empreendida por um elenco limitado na disputa de duas competições simultâneas. Mesmo assim o São Paulo terá que se cuidar se quiser sair com um resultado positivo. Apesar de não ter grande qualidade técnica, a LDU Loja é bem arrumada do ponto de vista tático e conta com jogadores de muita vitalidade e força, o que pode causar transtornos. O técnico Paul Velez, jovem, mas com rodagem pelo país, deve mandar a campo uma equipe um pouco modificada em relação ao time que venceu o Nacional por 2 a 1, naquele que foi o maior feito da história da Liga de Loja. Naquela partida a LDU jogou assim:


Contra os uruguaios o trabalho de marcação funcionou muito bem na zona defensiva e os meias tiveram espaço para criar, já que Uchuari e Mosquera fugiram sempre da marcação dos volantes, enquanto Calderón teve espaço para finalizar, jogando sempre entre os zagueiros. 

Segundo a imprensa local, a equipe de Loja deve vir com a seguinte escalação: Fernández; Gómez, Vera,  Bermúdez e Aguirre; Pedro Larrea e Feraud; Marco Mosquera, Fábio Renato e Cristian Quiñónez; Walter Calderón. 

Dentro de campo o estilo de jogo não deve ser distinto do que deu certo contra o Nacional: a LDU Loja deve marcar em cima e apostar no trabalho de posse de bola até a intermediária, onde o veloz Mosquera e o habilidoso Fábio Renato - artilheiro da Sul-Americana com cinco gols, tratarão de arrumar um cruzamento ou bola em profundidade para o grandalhão Walter Calderón. Vale dizer que Fábio Renato é atacante de origem e muitas vezes chega à área para concluir, o que pode confundir a marcação adversária e configurar mais uma opção para a bola aérea equatoriana. 

O São Paulo é favorito, mas precisa estar atento. O desgaste da viagem, a altitude de 2 mil metros - pouca, mais ainda assim capaz de algum estorvo - e o estádio de dimensões reduzidas podem favorecer um time limitado do ponto de vista técnico, mas muito voluntarioso e que com certeza estará motivado demais para seguir fazendo história. 

sábado, 15 de setembro de 2012

O São Paulo de Paulo Henrique Ganso

As bem informadas fontes do jornalismo já anunciaram: Paulo Henrique Ganso assina com o São Paulo nos próximos dias. Condições físicas à parte, é difícil imaginar que o outrora futuro camisa 10 da seleção brasileira chegue para começar no banco de reservas, razão pela qual já se fala em possíveis cortados do time titular.

Embora ainda não tenha engrenado sob o comando de Ney Franco, o São Paulo evoluiu bastante desde que ele assumiu o cargo e já tem quase um padrão de jogo definido - exceção feita aos momentos em que Ney ainda tenta um sistema misto de 2 e 3 zagueiros. Na melhor sequencia que teve neste segundo semestre, o São Paulo se armou no 4-2-3-1 torto, com Maicon fazendo o lado esquerdo. Foi assim que o tricolor paulista bateu o Corinthians, o Bahia e o Botafogo.


Penso que o ideal para o São Paulo seria manter um esquema parecido, de forma que o primeiro candidato a sair do time seria Jadson. Creio, no entanto que há como Jadson e Ganso jogarem juntos. Para relembrar, eles já chegaram a fazê-lo na seleção brasileira. Foi na Copa América do ano passado, quando o Brasil empatou por 2 a 2 com o Paraguai. O primeiro tempo brasileiro foi bom e Jadson, inclusive marcou o gol que abriu o placar, justamente após passe de Ganso. Naquela partida o camisa 10 do São Paulo - então no Shaktar Donetsk - jogou mais aberto pela direita e o meia do (ou ex?) Peixe mais centralizado.


A experiência de Mano, no entanto, durou apenas 45 minutos, já que o técnico da seleção brasileira decidiu mandar Elano a campo no intervalo, em tese porque Jadson já tinha amarelo. 


Pensando nessa experiência, Ney Franco, que já disse ter projetado o time com Ganso, deve ter pensado em algo assim, com Lucas entrando pela esquerda - como fez na seleção recentemente - e cortando para o meio. 


O grande problema seria a marcação pelo lado direito (marcação vermelha na imagem). Jadson não é dos mais ativos na marcação e inclusive rende menos quando tem que correr atrás dos adversários. Douglas também não tem grande qualidade defensiva, enquanto podemos esquecer a possibilidade - ao menos neste momento - de Ganso marcar alguém. Do outro lado, Lucas pode segurar um dos laterais auxiliar Cortêz no trabalho defensivo. Se jogar assim, no entanto, o São Paulo terá que contar muito com uma marcação adiantada e apostar no trabalho da dupla Wellington e Denílson. 

Outra possibilidade seria deixar Lucas na dele e Jadson responsável pelo trabalho que hoje é de Maicon. 


O problema seria o mesmo, já que desta vez Cortêz teria pouco auxílio na marcação e teria que contar demais com a compactação dos setores e a vitalidade de Wellington. Do outro lado, Lucas ajudaria Douglas ao segurar o lateral esquerdo. 

Por fim, a solução que penso ser a ideal neste momento é a improvisação de Paulo Miranda como lateral direita, como se fosse um zagueiro pelo lado:


Além de dar mais segurança pelo lado direito, Paulo Miranda permite que o São Paulo passe a jogar com três zagueiros quando necessário, ou seja: se a bola for mandada em velocidade para a esquerda, Rhodolfo pode cobrir Cortêz, Tolói pode virar miolo de zaga e Paulo Miranda cobrir a direita. Claro que o ideal seria Lucas e Jadson darem combate o tempo todo, mas é difícil acreditar que eles o farão. 

Mesmo assim este é um post teórico e, na teoria, Jadson e Ganso podem e devem jogar juntos. Se eles, Lucas e Luís Fabiano estiverem em um bom dia o São Paulo certamente tem/terá o melhor quarteto ofensivo do Brasil.