sábado, 25 de setembro de 2021

#MOT 02 - O sentir, o decepcionar e o que fazer com isso tudo...

 




Não sabe o que é essa seção do blog? Aqui eu explico: http://dynamodudziak.blogspot.com/2021/09/mot-01-o-comeco-da-temporada-21-22.html

Cinco jogos na Premier League, nenhuma vitória e apenas três pontos conquistados. 

Se havia alguma dúvida de que seria difícil, agora não há mais... Claro que perder para o Manchester United e para o Liverpool estava meio que nos planos e que empatar com o Everton não é exatamente um mau resultado. Porém, na tabelinha de expectativas estavam duas vitórias contra Burnley e Newcastle. E não foi isso que aconteceu... Dois empates em jogos que na temporada passada foram vitórias. 

O empate contra o Burnley foi ruim porque talvez o mais justo fosse uma derrota, mas a igualdade contra o Newcastle foi um daqueles jogos revoltantes... O Leeds fez um bom primeiro tempo, mas só marcou um gol e perdeu outras cinco chances. O Newcastle por sua vez foi melhorando com o passar dos minutos com um Alain Saint-Maximin endiabrado. Foi dele o empate e poderia ser dele o gol da virada em um segundo tempo aberto, no qual o Newcastle teve mais oportunidades.

Na cabeça dos torcedores do Leeds só fica uma pergunta: o que está dando errado? 

Eu tenho palpites, mas por ora gostaria apenas de compartilhar como é a minha experiência de torcedor sendo também comentarista.

Durante o jogo do Leeds eu fico praticamente cego ao adversário. Só vejo o meu time. As marcações individuais, as movimentações dos homens de frente, os erros de passe, aquele cara que não está correndo (viu Rodrigo?)...  

E vou dizer: eu grito com os jogadores que estão fazendo errado!  Aliás, gritei muito alto quando Ayling recuou uma bola de forma equivocada contra o Newcastle. Tão alto que o gato veio me morder porque ficou estressado...  E ele estava certo. 

Bom, fato é que foi mais uma noite decepcionante.

Depois do jogo fiquei buscando explicações. Perdemos muitos gols, ficamos muito abertos quando perdemos a bola... Será que é não perder a bola em zonas perigosas o problema? Ou é desatenção na hora de encaixar a marcação? Eu fico obsessivo por uns três dias. 

Não que ajude muito se eu conseguir descobrir o problema, mas é como se fosse um alívio para mim... No entanto, também observei que estava com uma negatividade muito grande para com o time.

"Não vai ganhar"
"Vai cair"
"Estou perdendo tempo"

Não quero ter essa relação com o futebol do meu time. É uma das coisas que estou tentando combater no meu dia a dia como comentarista... Quero que recuperemos o prazer de torcer, a alegria de ver e a ansiedade que vem com o pensamento de que tudo é possível...

Por isso, uma hora antes do jogo contra o West Ham, sem Bamford, sem Llorente, Koch, Struijk e talvez sem Raphinha, Ayling e Harrison, vou me forçar a pensar: 

Eles vão conseguir!
Eles são capazes! 
Hoje é o dia da virada! 


A ver! 

domingo, 12 de setembro de 2021

#MOT 01 - O começo da temporada 21-22

Esse post é diferente de todos! 

Tenho esse blog desde 2010 e de lá para cá me concentrei em falar de futebol sob uma perspectiva mais analítica. Às vezes falando sobre tática, às vezes fazendo algumas brincadeiras e ironias com situações absurdas do nosso futebol...  Em nenhum momento, porém, me permiti falar como torcedor. Então agora vou fazê-lo...

Desde 2018 tenho acompanhado tudo do Leeds United de Marcelo Bielsa. Desde que ele chegou foram 144 jogos e acho que eu assisti uns 140, quase todos ao vivo, além de ter ouvido todas as coletivas dele desde então. Desde o ano passado também tenho visto quase todos os jogos do sub-23. Ou seja... Uma boa parte do meu tempo livre está dedicada a esse clube nos últimos anos. Algumas coisas eu compartilho no Twitter - como essas compilações de gols e bons momentos de jogos nos últimos três anos -, outras eu guardo pra mim. 

Às vezes quero falar algumas coisas, mas não tenho muito pra quem e também me inibo com receio de poluir a timeline do Twitter... Então decidi começar a escrever aqui.  Sem obrigação, sem pauta definida, sem sequer a necessidade de fazer muito sentido. 

É bem diferente do que eu me proponho - e espero estar conseguindo - fazer nos outros espaços. Por ser diferente, será uma seção com nome, o #MOT ali do título. Por quê?  Mot é a sigla para o refrão do hino do Leeds United: Marching on Together, ou seja, marchando juntos. Ao mesmo tempo, MOT é meu MOmento Torcedor (hã? hã?).  Mas como o título não é diferença o bastante, também apresento um esquema de cores distinto, com as cores do Leeds! 

Vamos? 



#MOT 01 - O começo da temporada 21-22
 

Bom, nesse primeiro post vou falar sobre a temporada 21-22 e o que temos pensado sobre. Faço esse post antes do jogo contra o Liverpool pela quarta rodada da Premier League. Estou esperando uma derrota, obviamente, porque a diferença é muito grande.  E diferença grande com time que joga sempre pra ganhar, muitas vezes dá muito errado. Mas nosso treinador é assim! Ele sempre acredita que o time dele pode superar qualquer um! 

Como Bielsa disse em entrevista à Sky Sports, ele tem a "ilusión", a esperança, de que contra o Liverpool "Raphinha, Bamford e Harrison possam ser melhores do que Salah, Jota e Mané" e que ele "sempre pensa que Rodrigo, Phillips, Klich e Dallas serão melhores do que Kanté, Mount e Kovacic". 

E é por isso que nosso treinador é ótimo! Porque não se trata apenas de acreditar, se trata de tentar fazer isso acontecer. É esse o objetivo. E isso passa por desenvolver jogadores e um estilo de jogo que permita a esses atletas - mais limitados - terem um funcionamento coletivo competitivo o bastante para bater de frente com qualquer um. 

Claro que quando o time toma uma pancada como o 5 a 1 para o Manchester United é muito ruim. Eu e todos os torcedores do Leeds pensamos "por que a gente não fechou tudo depois do 1 a 1?" e "será que a gente não podia defender lá atrás em vez de tentar marcar Pogba e Bruno Fernandes individualmente tão longe do nosso gol?", sem esquecer de: "precisamos contratar, no mínimo, mais um volante, um meia, um ponta e um centroavante". 

E aqui entro no grande tema desse começo de temporada 21-22... O Leeds está forte o suficiente para alcançar seus objetivos? 

Quando a janela de transferências abriu, os torcedores tinham enormes expectativas. Falava-se em Rodrigo De Paul, Matheus Cunha, Nandez, Noah Lang e muito mais... No fim, chegaram Junior Firpo e Daniel James. Bons reforços, sem dúvida, ambos têm tudo para acrescentar mais ao time do que Alioski e Hélder Costa, mas nenhum deles é o jogador capaz de elevar o nível da equipe ou de resolver as deficiências do meio de campo, setor no qual há menos opções hoje.  

A sensação da torcida é de que o Leeds precisava se reforçar para seguir crescendo e que, ao não fazê-lo, corre o risco não só de estagnar, como de regredir e de repente brigar para não cair, o que seria terrível, evidentemente.

A sensação do treinador, porém, é a de que todos os jogadores serão capazes de jogar ainda melhor nessa temporada... É a "ilusión" do começo do texto... 

Eu sinceramente não acredito. 

Para mim, tirando Raphinha e alguns mais jovens como Struijk e Kalvin Phillips, todos os jogadores do Leeds já estão no teto de desenvolvimento. Não acho que é possível melhorá-los ainda mais. Mas eu preciso reconhecer que eu não sou Marcelo Bielsa e que ele viu potencial em boa parte desses nomes lá atrás, quando brigar para subir era o maior dos sonhos. 

Daquele time-base da temporada 18-19 na segunda divisão, Ayling, Cooper, Phillips, Dallas, Klich e Harrison seguem como titulares, enquanto Meslier e Bamford viraram titulares no ano seguinte. Ou seja... Do time-base do Leeds na Premier League 21-22, oito eram jogadores da segunda divisão até pouco tempo! Nove se você contar Struijk, que veio da base, mas que jogou mais na Premier League do ano passado do que nas duas temporadas anteriores na segundona.  E esse time de atletas de segunda divisão chegou em nono na Premier League! 

Evidentemente não é que eles tinham um potencial que ninguém via, mas sim que o trabalho deles e o trabalho do treinador fizeram com que atletas medianos da segundona se tornassem postulantes a uma vaga em competição europeia pela classificação na Premier League (ainda que estejamos falando de Conference League...) 

O melhor exemplo de todos é Kalvin Phillips. Aos 25 anos o volante inglês hoje é considerado por muitos como um dos melhores da posição. Foi um dos destaques da Eurocopa e parece ainda não ter chegado ao limite. O que pouco se fala, no entanto, é que quando Bielsa chegou, Kalvin era um camisa 8 que às vezes jogava de 10 e que pouco lembrava o volante forte de pegada no meio, desarmes e lançamentos precisos. 

Isso é trabalho do treinador e o Leeds sabe disso. E aposta demais nisso! Tanto é que nesta janela de transferências, mais do que figuras para o time principal (já citamos Firpo e James), os Whites foram atrás de grandes talentos jovens de outros clubes. Apenas nesta janela chegaram:

- Kristoffer Klaesson, goleiro norueguês de 20 anos que veio do Valerenga

- Amari Miller, ponta inglês de 18 anos que veio do Birmingham

- Sean McGurk, ponta inglês de 18 anos que veio do Wigan

- Leo Hjelde, zagueiro norueguês de 18 anos que veio do Celtic 

- Lewis Bate, meiocampista de 18 anos que veio do Chelsea

Eles já fazem parte de uma segunda geração de jovens que vieram de outros clubes para o Leeds. Na janela anterior o clube contratou 

- Dani van den Heuvel, goleiro holandês, hoje com 18 anos, que veio do Ajax

- Cody Drameh, lateral-direito inglês, hoje com 19 anos, que veio do Fulham

- Crysencio Summerville, ponta holandês, hoje com 19 anos, que veio do Feyenoord

- Sam Greenwood, meia-atacante inglês, hoje com 19 anos, que veio do Arsenal

- Joe Gelhardt, centroavante inglês, hoje com 19 anos, que veio do Wigan


Todos esses jogadores vieram para o time sub-23 do Leeds, com a crença de que poderão em breve reforçar o time de cima. Essa é a estratégia do Leeds. Pegar jovens promissores, terminar a formação e colocar na equipe principal. Me parece muito coerente e sensato, mas é uma estratégia de longo prazo. Hoje o time tem problemas que esses meninos ainda não podem resolver... 

Mas se der certo... Puxa vida! Se der certo o Leeds terá um grande time a um custo baixíssimo na comparação com os gigantes europeus. 

Do meu sofá eu só quero que não seja rebaixado esse ano. Os jogos contra Manchester United, Everton e Burnley mostraram problemas defensivos graves e não estou nada otimista para o Liverpool, como eu já disse... Parece que a luta vai ser mais embaixo nesse ano, infelizmente. Na temporada passada muita coisa deu certo demais para o Leeds... Esse ano deve ser diferente. 

Mas vou exercitar meu bielsismo hoje... Acreditar que Raphinha, Bamford e Harrison serão melhores que Salah, Jota e Mané.  Crer que Meslier terá uma tarde de Alisson e que Llorente e Cooper serão Van Dijk.... Ter a fé de que Rodrigo Moreno vai saber quem pressionar e que Kalvin, Dallas e quem mais jogar sejam capazes de parar o meio de campo dos Reds.


E se não der... Bom. Se não der a gente sente a dor, engole o choro e volta de novo... 

Não tem outro jeito! Não é mais uma escolha torcer ou não torcer.