O vigésimo quarto dia da Copa do Mundo me fez pensar em um monte de coisas, mas principalmente sobre sentimentos e sensações. Sempre acho difícil esse tipo de comentário quando envolve o futebol porque fica uma coisa sem substância, muito na base dos floreios e de visões extremamente subjetivas sobre o jogo. Às vezes é até piegas mesmo. Uma coisa que a gente fica indo atrás pra justificar algo que a gente gostaria que fosse verdade. Mas é que hoje estou assim.
Hoje fiquei pensando no Messi, no Modric e nas histórias que serão e podem ser contadas sobre os dois.
Porque até os 20 minutos de jogo o que a gente tinha na primeira semifinal da Copa era o seguinte: Modric com a bola, participando do jogo. Argentina correndo atrás e Messi aparecendo apenas com duas perdas de bola, uma no ataque que gerou contragolpe e outra na defesa que os companheiros remendaram.
A partir dos 20 o jogo foi começando a mudar, junto com o caminho dos dois camisas 10. Messi passou a recuar para jogar mais e ajudar na circulação de bola do time dele. Modric, em seu melhor momento na partida, deu um drible no meio das pernas de um argentino e armou o ataque que terminou com Perisic finalizando por cima do gol.
Aqui um momento digno do futebol e seus contrastes. A finalização de Perisic aos 30 minutos foi desviada por De Paul, mas a arbitragem marcou tiro de meta. Nesse tiro de meta, Otamendi recebeu e forçou um passe para o meio de campo. A bola foi em cima de Modric, que por algum motivo não conseguiu dominar (frame abaixo), o que acabou amaciando para Enzo Fernández iniciar a jogada do pênalti que Messi converte.
Esse é o futebol.
Por isso que as autópsias de resultados e sugestões do que poderia ter sido feito para evitá-los são inócuas. Nesse caso o juiz apitar direito, Modric parar a bola, Gvardiol reconhecer que era uma bola descoberta e Livakovic não cometer o pênalti poderiam ter salvado a Croácia de sofrer o primeiro gol....
Mas nada disso é estrutural ou sistêmico e sim circunstancial. E essa cadeia de fatos ajudou em mais um jogo memorável de Messi.
Mas nada disso é estrutural ou sistêmico e sim circunstancial. E essa cadeia de fatos ajudou em mais um jogo memorável de Messi.
Sim, porque depois do 1 a 0 foi muito difícil para a Croácia e para Modric voltar. Pior... Aos 38, Modric cobra um escanteio curto. Álvarez bloqueia o cruzamento subsequente e corre mais de 50 metros com a bola para fazer o segundo gol.
Enquanto isso Messi passou a se encher de confiança. Pegava a bola, carregava, driblava... Parecia ensaiar o que estava por vir no segundo tempo, no baile que deu em Gvardiol.
Messi da finalização cirúrgica contra o México.
Messi do chute sem espaço e das carregadas nos acréscimos contra a Austrália
Messi do passe genial para Molina
Agora é também Messi da jogadaça para o três a zero na Croácia
Enquanto isso, Modric do tempo, do espaço, o Zinedine Modric da partida contra o Brasil se despediu da Copa com um chute travado que voltou no próprio rosto... E numa noite que tinha começado tão bem para um e tão mal para outro, os papéis se inverteram.
Ainda assim, há que ser dito:
Ainda assim, há que ser dito:
Modric deixa a Copa como um dos grandes jogadores da história dos Mundiais, mesmo sem vencê-la.
Messi ainda está na Copa, mas se não vencer domingo provavelmente será lembrado como amarelão, pipoca ou fracassado por ter conseguido tanto, mas não tudo neste esporte.
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