segunda-feira, 12 de dezembro de 2022

Dudzicopa 24 - Pensamentos sobre as semifinais

O vigésimo terceiro dia da Copa do Mundo - mais um sem jogos - me fez pensar em como podem se desenrolar as semifinais da competição. 

Nesta terça-feira a Argentina enfrenta a Croácia em um jogo no qual o favoritismo deveria ser da albiceleste, mas que na prática tem tudo para ser extremamente equilibrado, dados os feitos dos croatas até aqui e a inconstância dos sul-americanos. Vale lembrar, no entanto, que a Argentina joga diferente de Bélgica e Brasil. Se os dois últimos apostam muito na capacidade de afastar jogadores para abrir espaços, os argentinos gostam de se aproximar para jogar. Isso pode sobrecarregar o trio de meiocampistas croatas. Aliás o Japão mostrou bem o quanto podem ser expostos Brozovic, Modric e Kovacic quando colocam-se peças no espaço ao lado do primeiro volante. A turma tática chama de meio-espaço (halfspace). É no entrelinha, mas deslocado pra um lado ou pro outro. A imagem que eu fiz no paint deixa mais claro:



Ali onde coloquei os dois círculos amarelos com dois potenciais jogadores argentinos. É o espaço à frente da zaga, ao lado do primeiro volante e nas costas dos dois oitos da Croácia. O Japão colocou Doan e Kamada nesses locais e foi superior no primeiro tempo. Na etapa complementar, no entanto, Gvardiol e Lovren deram alguns passos à frente e mataram esse espaço. Fazer isso contra Julián Álvarez, porém, pode trazer problemas. 

Com Messi, Mac Allister e até Di Maria, me parece que a Argentina tem um potencial ainda maior para explorar essa zona do campo, principalmente se conseguir ditar o ritmo do confronto. Nesse sentido, as dúvidas sobre esquema tático são muito válidas e interessantes. Os japoneses utilizaram um 3-4-2-1 para explorar esses espaços que citei. Diante da Holanda a Argentina foi num 3-1-4-2. Basta uma pequena adaptação em Enzo e Messi para isso acontecer.  

Agora, se não conseguir ditar o ritmo, a Argentina corre o risco de ficar correndo de um lado para o outro tentando encontrar os três e a troca de passes lenta do rival. Diferentemente do Brasil, no entanto, a Argentina não se garante tanto lá atrás, de forma que os atacantes podem ter mais vantagens para marcar diferenças. 


E Marrocos e França? 

Não tem como fugir do óbvio... O jogo de quarta-feira é sobre a França tentando entrar na defesa marroquina, que sofreu apenas um gol em cinco partidas. O que acho que os franceses têm e os outros não têm são os pontas capazes de explorar a profundidade do campo. Falo de Mbappé e Dembelé. E nessa imagem aqui (ignorem os números dos marroquinos e tenham em mente só os três da frente na França) fica mais fácil de visualizar:



11 e 10 de azul são Mbappé e Dembelé. Marrocos tem como grande qualidade a compactação e sincronia de movimentos entre todos os seus jogadores. As distâncias são curtas, os timings são corretos e os botes certeiros. O time, no entanto, por necessidade precisa estar longe do próprio goleiro. Portugal tentou expor isso no primeiro tempo do duelo entre os dois, mas não encaixou quase nenhum dos lançamentos tentados. A velocidade de Mbappé e Dembelé pode ser um diferencial para fazer os marroquinos recalcularem toda a vez a altura em relação a Bono, o que pode gerar brechas na defesa ou chances claras para os dois finalizarem. 

A ver também se a ocasião não pesa para os marroquinos, que estão sempre no limite entre a coragem e a irresponsabilidade. Vamos ver se contra a França, Ounahi vai carregar a bola como tem carregado, se Amrabat acerta todos os botes e se Ziyech e Boufal vão inverter e driblar como nas primeiras partidas.


Vamos ver. 



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