terça-feira, 22 de novembro de 2022

Dudzicopa 04 - A coragem de ser quem se é

O terceiro dia da Copa do Mundo para mim ficou marcado pelas equipes corajosas e de personalidade. Foi muito corajosa a Arábia Saudita para subir linhas e acreditar na ideia de seu treinador contra a poderosíssima Argentina. Se Catar e Irã se dobraram perante o domínio dos adversários, os sauditas mantiveram-se firmes no plano de jogo. Mesmo sofrendo três gols (depois anulados) a equipe do técnico Hervé Renard continuou arriscando e apostando que o sistema do VAR da Fifa seguiria funcionando e que milímetros e milésimos de sincronia e coragem manteriam a equipe no jogo. 


Ao mesmo tempo em que se enchiam de autoconfiança, os sauditas mexiam com os argentinos, que não foram fiéis ao que são. Se na sequência de 36 jogos de invencibilidade a "Scaloneta" foi pausa, troca de passes, aproximação e gambeta, diante da Arábia Saudita os argentinos foram ligação direta e cruzamento. Foram condicionados pelo adversário e deixaram de ser quem são. Naufragaram e perderam por 2 a 1. 

Vi algo parecido aos sauditas na conduta da Tunísia diante da Dinamarca. Não conheço o suficiente da seleção tunisiana, mas vi a coragem de tentar empurrar pra trás uma seleção melhor, que gosta de envolver e que tem muita qualidade no meio do campo. O tiro poderia sair pela culatra, mas a intensidade de Laidouni e Shkhiri e a dedicação de Jebali na frente garantiram que a equipe equilibrasse as ações e até tivesse mais chances que os europeus. No segundo tempo, porém, a Dinamarca conseguiu quebrar mais por dentro, sendo também mais ela por assim dizer. Aí apareceu o goleiro Dahmen para garantir o 0 a 0.

O outro 0 a 0 da terça também me fez pensar.... Mas nesse caso hoje Polônia e México são isso aí mesmo. Times conservadores. Receosos. Especulando... A Polônia me gera mais revolta, pois a seleção europeia conta com um goleiro de alto nível e um dos melhores centroavantes do mundo como referências, além de jovens mais técnicos como Kaminski, Zalewski e outros que eu não conheço, mas que devem existir pelos campos do leste europeu. A ideia da Polônia, no entanto, é não se comprometer. Foi assim em 2018 e tem tudo para ser assim novamente. Cabe perguntar de que serve disputar a Copa do Mundo se é para não jogar e não tentar... Nesse sentido também fiquei pensando hoje nesse cara aqui:



Ele é Matheusz Klich. Meia polônes de 32 anos, que joga no Leeds e que é um dos meus jogadores favoritos pelo que representa para o clube, pelo estilo sardônico em campo e pelos gostos peculiares que ele tem (hip-hop polonês, grafite, golfe). Ele não foi chamado para a Copa depois de ter feito parte de todo o ciclo da Polônia nas Eliminatórias. O estilo de jogo dele é de associação, de tabela e de trazer os outros pra jogar. Ele não é um 10 e não é um 8... Ele é Klich. E por ser Klich perdeu espaço no Leeds com Jesse Marsch e perdeu espaço na Polônia. Azar o deles digo eu! 

EU que estou tentando ser mais o que quero ser. 
Que estou buscando essa coragem...

E que não vou falar da França porque cansei.

Até!

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