sexta-feira, 13 de julho de 2012

Uruguai: favorito à medalha de ouro nas Olimpíadas


Os discursos e os momentos dos dois representantes sul-americanos nas Olimpíadas de Londres são bastante distintos. Enquanto o Brasil está em baixa e sofre com cobranças públicas de torcedores e até mesmo do presidente da confederação de futebol, o Uruguai vive grande momento e seu técnico fala que a ideia é preparar jogadores para o futuro. 

Discursos e motivações à parte, o fato é que as equipes brasileira e uruguaia - ao lado da espanhola - estão entre as favoritas para a conquista do ouro. Não à toa; a qualidade individual e cancha dos atletas - muitos já são titulares na Europa - coloca os sul-americanos em grande posição para pleitear o título, inédito para o Brasil e que representaria o tricampeonato da Celeste. O Uruguai, no entanto, vem melhor, não só pela falta de pressão, mas pelo fato de grande parte da equipe estar treinando há quase dois meses junta. 

O primeiro teste com os veteranos foi feito nesta quarta-feira, contra o Chile Sub-23. A partida teve o extraordinário placar de 6 a 4 para os uruguaios, o que representou bem a peleja: grande qualidade do meio pra frente e indolência no trabalho defensivo. Ainda assim o jogo serviu para Tabárez colocar os seus três "sobre-23" para jogar com os moleques. E há que se dizer: Arévalo Rios, Suárez e Cavani parecem desde já escolhas acertadíssimas de el Maestro. 

Uruguai no 4-3-3 com Arévalo marcando, e Ramirez e Calzada ajudando também no trabalho defensivo. O objetivo é um só: fazer a bola chegar com qualidade para Suárez e Cavani. 

Diferentemente do usual 4-3-3 do time principal, que conta com dois marcadores implacáveis (Pérez e Arévalo) e um homem de saída de bola, mas também marcação (Palito Pereira), Tabárez mandou o time a campo com um volante pegador (Arévalo), um de saída (Calzada) e um meia autêntico (Gastón Ramírez). O motivo é claro: o terceiro homem de frente do Uruguai é Urretavizcaya, que ajuda demais no combate na linha de meio de campo, ao contrário de Forlán, Cavani e Suárez. Assim os camisas 7 e 9 devem ter mais liberdade com a seleção olímpica, e também devem receber mais bolas durante os jogos, uma vez que, apesar da boa experiência na Copa, Forlán não tem conseguido fazer com correção o recuo para a armação de jogadas. É importante ficar de olho no desempenho da equipe desta maneira, porque pode significar uma mudança no pós-Olimpíada para a equipe principal, por mais doloroso que seja tirar Forlán, Cavani ou Suárez do time titular. 

O início da partida contra os chilenos foi terrível. O Uruguai levou dois gols em 10 minutos e deixou péssima impressão, sobretudo no setor defensivo, onde Coates destoou demais. De toda maneira, a partir dos 20 do primeiro tempo a equipe reagiu. Arévalo tomou conta do meio de campo e até lançamentos começou a acertar. Suárez (2x) e Cavani deram a virada aos uruguaios ainda na etapa inicial. 

Com a vitória parcial e bom momento psicológico do time, Tabárez decidiu testar variações para os Jogos Olímpicos e mandou a equipe em um 3-4-1-2 bastante assimétrico, com Ramirez flutuando muito entre o centro e o lado esquerdo do campo e com Urretavizcaya fazendo um ala direito bastante avançado.

No segundo tempo o lateral-direito Arias passou a jogar como terceiro zagueiro, enquanto Albin avançou um pouco e Urretavizcaya atuou mais recuado. 

Jogando desta maneira o Uruguai fez mais dois gols: um de Suárez, com ótima enfiada de bola de Ramirez, e outro de Cavani, quando Rodríguez e Aguirregaray já estavam em campo. As substituições que resultaram no 5 a 2 foram as primeiras de uma série de testes do técnico uruguaio, que ainda viu sua equipe fazer mais um gol e tomar dois. 

Após diversas mudanças, Tabárez testou um 5-3-2 para testar uma nova formação e dar cancha aos jogadores considerados reservas.

Em suma: o primeiro grande teste foi satisfatório, mas o Uruguai precisa urgentemente tratar do setor defensivo. Coates não pode continuar como titular com atuações deste nível, enquanto Rolín ainda peca pela inexperiência. Os laterais foram bem e Campaña mostrou que pode ser titular sem sustos. Do meio pra frente nada a retocar, só a aprimorar. É assim que o Uruguai vai em busca da medalha. A dourada. 

Um comentário:

  1. Concordo plenamente com o texto, adorei as análises táticas. Blog de um nível muito bom! Parabéns!

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