sexta-feira, 27 de julho de 2012

O sonho e o sono de Tabárez

Tabárez teve uma noite de sono sofrida de quinta pra sexta. De um lado pôde relaxar com a boa vitória por 2 a 1 sobre os Emirados Árabes Unidos, resultado que dá tranquilidade para o restante da fase de grupos do torneio de futebol das Olimpíadas. Por outro, el Maestro certamente ficou ruminando e remoendo pensamentos sobre o esquema tático da Celeste. 

O 3-4-1-2 que ele tanto tenta colocar em prática na seleção não funcionou de novo, como já não tinha funcionado nas Eliminatórias para 2010, na estreia da Copa e em alguns momentos da preparação para os Jogos. Mesmo assim, Tabárez insiste em ver o time jogando desta maneira. Não é uma questão de desempenho, uma vez que a equipe teve ótimos momentos nos últimos dois anos jogando no 4-3-3, no 4-4-1-1 e no 4-3-1-2, mas de preferência mesmo. Ao virar de um lado pra outro da cama e lembrar do desempenho nos primeiros 45 minutos desta estreia, o técnico da seleção uruguaia pode ter desistido outra vez.

No primeiro tempo o 3-4-1-2 uruguaio foi péssimo. Atuando contra o 4-4-2 emiratense, a Celeste não conseguiu coibir a boa troca de passes entre os meias centrais e os dois atacantes da equipe adversária. O motivo era claro: com o recuo dos jogadores mais avançados, os Emirados Árabes tinham espaço e tranquilidade para tocar a bola e se projetar entre a linha de defesa uruguaia e a dupla de volantes. Como o trio de zaga mantinha sua posição, Arévalo Rios e Calzada tinham que combater quase sempre quatro jogadores por aquela zona e vez ou outra ainda cobrir o avanço dos alas do Uruguai. 

Uruguai no 3-4-1-2, com Ramírez encaixotado pela marcação e zagueiros sem efetividade na faixa intermediária. Trocas de passes entre Abdulrahman, Haman, Matar e Khalil acabaram
com a defesa Celeste.

Quando Coates, Rolín e Arias quiseram avançar o bote, os comandados de Tabárez tiveram problemas. Foi assim que saiu o primeiro gol dos Emirados Árabes, com Matar recebendo um belo passe de Haman. 

As coisas também não funcionaram no âmbito ofensivo. Graças à boa marcação dos emiratenses e, novamente, ao espaço entre as linhas de defesa e meio de campo, o Uruguai só conseguiu chutões pra fente. Cavani e Suárez pouco fizeram porque pouco ficaram com a bola... Ainda assim, Luisito sofreu a falta que originou o gol de Gastón Ramírez na primeira etapa. 

O empate tranquilizou um pouco a situação uruguaia, mas Tabárez sabia que a equipe precisava mudar. Aí entrou a grande diferença do Uruguai para as demais seleções destas Olimpíadas: a preparação. Como a Celeste teve tempo para treinar, o técnico também teve tempo para testar outras formações e aperfeiçoá-las (vale conferir aqui). Desta forma o Uruguai veio para o segundo tempo com Lodeiro no lugar de Aguirregaray e voltou ao 4-3-1-2. 

No segundo tempo o 4-3-1-2 surtiu efeito. Lodeiro teve ótimo desempenho como enganche e Ramírez foi bem na armação e compactação do setor de meio de campo. Atrás, Coates e Rolín 
não tiveram problemas.

Com um jogador "a mais" no meio de campo, os uruguaios diminuíram o espaço à frente da zaga e começaram a conectar melhor os ataques. Foi assim que Suárez recebeu na esquerda, passou pela marcação e deixou Lodeiro chutar para marcar o 2 a 1. Daí em diante só deu Uruguai. 

Ciente do problema, os Emirados Árabes passaram a atuar com um a mais no meio... A solução deu  segurança defensiva à equipe árabe, mas não foi bem sucedida no quesito ataque. No final a vitória foi justa. 

Resta a dúvida sobre o que Tabárez fará para o confronto contra Senegal. Vai manter o esquema vitorioso? Ou vai insistir com seu conceito de como o time deveria atuar?

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