terça-feira, 26 de junho de 2012

Não falta elenco ao São Paulo

Após o anúncio da queda do técnico Emerson Leão, um bocado de torcedores são-paulinos e analistas do futebol cravaram que a atitude da diretoria não ia resolver nada e que o problema do tricolor paulista era não somente o técnico, mas o elenco... É bem verdade que o São Paulo não tem uma gama de atletas capaz de formar o melhor grupo do país, mas se olharmos para os rivais é difícil cravar que o time da capital tem menos opções do que os demais concorrentes ao título do Campeonato Brasileiro.


Para ficarmos em dois exemplos paulistas que chegaram às semifinais do maior torneio de clubes do continente: o Corinthians é tão melhor que o São Paulo nos valores de seus atletas? Posso admitir que Cássio seja melhor que Dênis, mas não que Alessandro e Fábio Santos sejam superiores a Douglas e Cortêz, por exemplo. Da mesma forma, se Castán está acima da concorrência, Rhodolfo tem o mesmo nível do Chicão de hoje, ao menos. No meio Paulinho, Ralf e Sheik ganham fácil, mas Lucas, Jádson e Luís Fabiano venceriam a parada contra Alex, Danilo (em que se pese o poder de decisão) e Jorge Henrique. A diferença não é tanta assim.

O mesmo se aplica ao multicampeão Santos. Rafael e Dênis se equivalem. Durval e Dracena vencem a briga  contra Paulo Miranda, mas ficam no mesmo nível de Rhodolfo. Cortêz é melhor que Léo e Douglas equivale com o improvisado Henrique. No meio os dois volantes dão um banho nos dois do São Paulo, enquanto Lucas ganha de Elano, o Ganso deste ano se equivale a Jádson, Neymar vence de lavada qualquer concorrente e Luís Fabiano é melhor do que Borges ou Alan Kardec. Novamente... O elenco do São Paulo é tão inferior? 

Por isso desde fevereiro fui favorável à queda de Emerson Leão. O agora ex-treinador são-paulino não foi capaz de construir um time com peças, no mínimo, boas como as que ele tem. Nenhum time da primeira divisão tem um elenco com onze bons jogadores. Cabe então ao treinador apostar nos pontos fortes e mitigar os pontos fracos. Leão em nenhum momento sequer montou um time, razão pela qual o São Paulo  procura agora um técnico capaz de formar um com as peças que tem. A ausência de Wellington e de Fabrício serão empecilhos, mas não é impossível armar uma equipe competitiva e de qualidade. Como por exemplo esta: 


Se o novo treinador são-paulino se atentar às características dos jogadores que tem, verá que o São Paulo tem dois ótimos alas nas figuras de Cortêz e Douglas e fraquezas defensivas na dupla de zaga. Uma forma de resolver isso seria apelar para os três zagueiros em um primeiro momento, com Rodrigo Caio sendo o volante marcador no lugar de Denílson, que deve voltar à Inglaterra. Esta sim é a posição do garoto são-paulino, que foi o melhor primeiro volante da Copa São Paulo de Juniores em 2010. Ao seu lado poderia estar Casemiro, com obrigação de marcar, e vez ou outra subindo ao ataque. Jádson orquestraria o time e os avaços dos alas, com Lucas pela esquerda - o que favorecia cortes para o meio e chutes com a direita - e Fabuloso no comando de ataque. 

Se não for um entusiasta do esquema com três zagueiros, o novo maestro do São Paulo pode apostar em um 4-3-1-2: 

Nesse caso a equipe apostaria na força e qualidade de Maicon e Casemiro para saírem para o jogo. Lucas poderia fazer grande parceria com Cortêz, novamente na esquerda, enquanto Rodrigo Caio seguraria a bronca no meio e Píris (com o número errado na figura) faria a marcação lá atrás. Cabe atentar que o grande mérito de Píris é sim a marcação. Fazer dele um lateral "à brasileira" não é certo. 

Por fim, há sempre a possibilidade de manter o time atual no 4-2-3-1, mas treinar com afinco o posicionamento dos jogadores para que não haja espaço entre as linhas de defesa, meio e ataque. Também vale orientar melhor os atletas são-paulinos na questão da marcação desde o ataque. No Corinthians, Émerson e Jorge Henrique acompanham os laterais desde o campo de ataque. Por que no São Paulo isso seria diferente? 

No 4-2-3-1 de sempre, Rodrigo Caio seria o volante mais preso, com Cícero compondo e fazendo a saída. Osvaldo marcaria o lateral direito adversário e Lucas o esquerdo. Na zaga Bruno Uvini no lugar de Paulo Miranda para mostrar que há opções, mesmo que de nível mediano. 

Resumindo: o São Paulo tem um bom time. Talvez não o suficiente para ganhar o Brasileirão, mas certamente bom o bastante para concorrer por uma vaga na Libertadores e para evitar que qualquer treinador fique dando desculpas em vez de treinar os atletas e bolar saídas para os problemas que são e vão ser enfrentados. Nada de chute depois de cambalhota e polichinelo... O novo São Paulo tem que treinar futebol. Tem que treinar tática... Sim, tática faz parte. Não é coisa de quem nunca chutou uma bola... 

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