sábado, 19 de novembro de 2022

Dudzicopa 01 - O Catar, o Equador, vícios e virtudes

Em um mundo tomado por comentaristas de futebol de ocasião e outros de formação que por opção largaram mão, me dei a liberdade de falar sobre a Copa de 2022 aqui também.

A ideia é escrever textos curtos todos os dias. Curtos primeiramente porque já tem gente muito melhor que eu escrevendo coisas melhores que eu por aí. Segundamente porque eu duvido muito que eu vá ter a disciplina para escrever todos os dias, de forma que me engano dizendo que conseguirei desde que seja algo curto.

Bom, se eu de fato fracassar, que esse post sirva ao menos de mural para outro insucesso... 

Bueno, empezemos com o título! 

Amanhã começa a Copa do Mundo com a partida entre Catar e Equador. Teoricamente é um jogo para as pessoas passarem longe, porque não são grandes seleções e nem têm grandes craques, mas vou dizer a vocês que estou animado. Acho que podemos ter uma partida interessante de dois times que jogam de maneiras diferentes. Acho que isso pode nos proporcionar um jogo bacana para começar o Mundial!  

O Catar da posse de bola, forjado pelas mãos e cabeça do espanhol Félix Sánchez vai ter que entrar na defesa dos Alfaro Boys e evitar que a velocidade de Plata e as arrancadas de Estupiñan e Caicedo gerem grandes danos!  Aliás, Gustavo Alfaro está se divertindo na Copa! A entrevista coletiva neste sábado foi repleta de reflexões e dizeres muito interessantes. Ao menos para mim, que gosto de misturar futebol com vida, filosofia, valores, identidade e outras bobagens...


Sobre isso aliás, como não falar da mistureba que temos pelo Mundial ser no Catar? 
Não há como. 

Agora... Há como ser hipócrita para sinalizar virtudes e há como refletir um pouco mais. A número 1 é a mais pedida, mas esse nosso vício precisa ser desafiado. 

O problema não é exatamente o Catar. Assim como esse, há vários outros países nos quais a interpretação da xária (o direito islâmico aplicado) é utilizada para oprimir as mulheres e pessoas LGBTQIA+. Não me parece que a nossa visão cosmopolita, cristã, secular, millenial, capitalista e identitária importe muito por aquelas bandas. Nem me parece que o Catar tenha prometido mudar qualquer coisa para receber o Mundial. Não, o problema não é a falta de avanços democráticos e modernizantes do Catar e nem essa nossa recém-adquirida preocupação com os trabalhadores imigrantes e direitos das pessoas no Oriente Médio.  O problema é a Copa do Mundo ir para o Catar. 

Porque a gente ainda pensa que a Copa do Mundo é um prêmio ou que deveria refletir valores e ideias, já que é a festa do futebol mundial. 

Eu também comparto dessa ideia! Não se enganem. Eu disse lá em cima que gosto dessas bobagens! O problema é que esse "prêmio", valores e ideias já não são praticados faz tempo! 

Ou esquecemos da palhaçada que foi a Copa do Mundo no Brasil? Aquela que não teria um centavo de dinheiro público e que no final nos deu vários elefantes brancos, dívidas e promessas não cumpridas de uma vida melhor? Quantas pessoas morreram esperando? Quantos direitos suprimidos para construir isso tudo? Aliás... Um hoje bem sucedido e admirado gestor de futebol chegou até a explicitar o cinismo da Copa no Brasil ao dizer que não se faz um Mundial com hospitais. Lembram? 

Esquecemos também da Copa na Rússia de Putin? A mesma Rússia que foi defenestrada com a invasão ao território ucraniano, mas que era suportada até ano passado? Suportada com todas suas violações aos direitos das pessoas, anexação da Crimeia e perseguição e violência aos opositores? 

Ah, mas  o Catar é pior! Pode ser. Não vou dizer que não. Mas tudo depende da sua visão e hipocrisia. Dos seus vícios e das suas virtudes. Ou melhor... Das virtudes que você quer demonstrar ao outro na sua rede social. 

Pra mim o problema é outro. 
O problema é o dinheiro.
É terem transformado o futebol do povo no futebol dos patrocinadores, dirigentes e "pacotes de hospitalidade".

"Que bobinho ele! O dinheiro move o mundo"

Sim! Eu sou um tolo! Mas eu disse que gostava de bobagens, não disse? 

Hasta mañana. 

Será?





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