domingo, 16 de dezembro de 2012

Uma vitória para o futebol brasileiro

As convenções estão aí. As frases feitas nos perseguem dia a dia. Não poderia ser diferente no futebol. O clichê nos engole e nós nem percebemos.

O Corinthians acaba de ser campeão mundial após grande atuação contra um gigante europeu. Foi melhor. Foi superior. Fez algo que ninguém fez desde, talvez, 1993, quando o São Paulo jogou de igual para igual com o Milan e venceu. E mesmo assim nós somos engolidos pela papagaiada, pela besteirada, pelo clichê de que o Corinthians venceu pelo "coração", pela "torcida", pela "paixão", pela "vontade de calar os críticos". Não. Não foi por isso. Torcida entra em campo sim. Paixão conta. Entrega conta demais, demais! Mas não foi isso que o Corinthians fez.

O Corinthians ganhou na bola. Ganhou na tática. Na aplicação e habilidade de seus jogadores. A composição com e sem a bola. Os movimentos de transição, a chegada à frente com velocidade, a estratégia de ter um pivô na frente, o elemento surpresa Paulinho, que parece" imarcável"... Ganhou por causa disso. Porque Tite foi gênio na aplicação de seus conceitos e seus jogadores foram humildes o suficiente para entender que essa maneira "europeizada", com ênfase em tática e posições em detrimento da liberdade e da técnica, era a ideal.

Não corintiano, não torcedor rival: não foi sofrido. Não corintiano, não torcedor rival: o Corinthians não é mais ou menos odiado do que os demais. Não corintiano, não torcedor rival: sua paixão não é diferente da dele. Não foi sorte e não foi coração. O Corinthians jogou um futebol de primeiríssimo nível, de equipe que disputaria uma Champions League sem problema. O Corinthians jogou futebol de verdade, além dos clichês da entrega, da malemolência, da malandragi brasileira.

É uma vitória histórica. Não pela "favela", pelos "humildes", pelos "antis" e toda essa besteirada. Histórica por causa do futebol.

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