terça-feira, 1 de maio de 2012

Como joga o Emelec

O Corinthians enfrenta nesta quarta-feira o Emelec em Guaiaquil, na primeira partida das oitavas de final da Libertadores 2012. O técnico Tite, como de costume, foi bem em suas escolhas. Para a partida contra os equatorianos o Corinthians vai com Cássio, 1,95 m, no gol, e o rápido William no lugar do desgastado Liédson. Em tese os efeitos das duas alterações serão positivos ao time alvinegro. Primeiro porque Cássio é alto e muito bom na bola aérea, a grande arma do Emelec. Segundo porque William deve dar mais mobilidade ao ataque se conseguir tirar os zagueiros de dentro da área equatoriana. 

Como ficou nítido na primeira fase, o Emelec não tem na qualidade de seus atletas o seu maior trunfo. A aposta de Marcelo Fleitas é na garra dos jogadores e na aplicação a seu sistema tático, um 4-4-2 padrão. 



Esta formação, no entanto, é recente para a equipe e ainda carece de ajustes, o que pode ajudar bastante o Timão. Os eléctricos começaram a Libertadores com um 3-4-1-2, uma herança de 2011. No primeiro semestre daquele ano o time dirigido pelo argentino Omar Asad atuava ora em um 3-6-1 ora no 3-4-3. Foi desta forma, com grande inspiração do volante Fernando Gaibor e do atacante Menéndez, que o Emelec faturou o Primera Etapa do Equador, no qual teve a melhor defesa. 

Na segunda metade do ano Asad deixou seu posto para Juan Ramón Carrasco, hoje no Atlético Paranaense. Com sua tradicional filosofia de jogo ofensivo, Carrasco desmontou o ótimo sistema defensivo eléctrico para apostar no seu 3-3-1-3 ou 3-4-3, com posse de bola e toques rápidos. Os resultados foram péssimos e o uruguaio foi praticamente expulso do clube. Para a decisão do campeonato - entre o campeão do Primera e do Segunda Etapa (o Deportivo Quito) - a diretoria decidiu efetivar no comando técnico o, até aquele momento jogador, Marcelo Fleitas. O título não veio, mas o equatoriano acabou ficando e modificou a forma de a equipe jogar, muito embora não tenha mexido no esquema tático. 

Nas quatro primeiras partidas da fase de grupos, Fleitas apostou no seu 3-4-1-2 e conseguiu uma vitória contra o Olimpia e três derrotas - duas para o Lanús e uma para o Flamengo. No primeiro jogo perdido para os argentinos e no dissabor contra os cariocas, o Emelec ficou com dez ainda na etapa inicial, o que minou qualquer conclusão sobre como os eléctricos deveriam seguir. 


Nas quatro primeiras rodadas Fleitas quis manter três zagueiros e atuar com dois ou três atacantes. Não deu certo. Morante e Baguí cansaram de levar bolas nas costas e Enner Valencia, com vocação ofensiva, perdeu muito de seu poderio ao ter que marcar os jogadores de lado dos adversários. 


Porém, quando o time equatoriano perdeu de 2 a 0 para o Lanús em casa, com 11 o tempo todo, Fleitas achou melhor intervir. Contra o Flamengo os equatorianos "estrearam" a formação de um 4-4-2 bastante ofensivo, baseado principalmente nas subidas de Enner Valencia ao ataque e cruzamentos para Figueroa. Foi assim que a equipe conseguiu a vitória emblemática aos 48 minutos do segundo tempo, com pênalti convertido por Gaibor. 

Contra o Olimpia, Fleitas manteve a ideia: ataques pelos lados do campo, esticadas para Mondaini e... cruzamentos para Figueroa. O resultado todos sabem: outro 3 a 2 em um dos jogos mais dramáticos da história do futebol mundial. 


Contra o Flamengo e contra o Olimpia, Fleitas apostou em um 4-4-2 ofensivo e conseguiu sair com a vitória. Valencia apoia demais pela esquerda, enquanto Gimenez tenta proteger Baguí no lado direito. No meio, Gaibor é o responsável por girar a bola e avançar com ela até a "zona de cruzamento". Quiñonez fica mais na marcação e Mondaini se movimenta pelos lados do campo, sobretudo o esquerdo do ataque equatoriano. 

Diante do Corinthians o Emelec deve manter seu esquema tático, mas provavelmente não irá ao ataque. Diferentemente do Bolívar, que gosta de jogar com a bola sem se importar com quem é o adversário, os eléctricos querem mais é não tomar gols para depois especular uma bola parada ou cruzamento para seus centroavantes. Por isso Cássio é uma boa... Por isso William é uma boa.  

Se o goleiro mantiver a tranquilidade e superar a falta de ritmo nas saídas de bola os problemas do Corinthians serão reduzidos. Se o atacante conseguir confundir a marcação com sua velocidade e troca de posição com Jorge Henrique e Emerson, os corintianos conseguirão causar bons problemas ao adversário. Outra boa arma pode ser a infiltração de Paulinho, já que em tese o Timão terá três no meio - Ralf, Paulinho e Danilo - contra dois volantes equatorianos: Gaibor e Pedro Quiñonez. 

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